Friday, January 31, 2020

 

Ioga, uma reflexão




Como admirador de muitos pensadores, poetas e místicos hindus, desde cedo tomei contacto com os ensinamentos ancestrais do Ioga. Fui lendo, tentando entender, e tentando praticar, como auto-didata.

Do que fui interiorizando, resultaram várias observações:

          Isso desgasta-nos e menoriza-nos, pois diminui a nossa liberdade de espírito e o nosso bem-estar interior.

Wednesday, January 29, 2020

 

O medo



Há muitas formas de medo, mas essencialmente diria que são duas: o medo animal e o medo humano. O medo animal é a resposta automática e instintiva a uma ameaça atual ou iminente, real ou aparente. O medo humano é gerado pela mente, face a cenários hipotéticos por si criados.

O medo animal é bom, essencial à defesa da vida e da integridade. Desencadeia mecanismos de defesa e contra-ataque, quimicamente potenciados (adrenalina) e dá ao sujeito boas chances de resposta eficaz, essencialmente luta ou fuga, com a máxima energia e rapidez que tiver.

O medo humano é mau. Tolhe o sujeito, impedindo-o de fazer o que deve (ou adiando) ou levando-o a fazer o que não deve. Essencialmente, é um desperdício de energia e uma causa de ansiedade desgastante. Sofrer por cenários criados pela nossa mente é sofrer por coisa inexistente. É um auto-massacre, prejudicial à saúde e ao bem-estar interior. Precisamos conhecer melhor o funcionamento da nossa mente, para usá-la em nosso benefício e não contra nós.

Wednesday, January 22, 2020

 

A conexão



Somos terminais nervosos finitos de uma Existência ilimitada (no espaço) e infinita (no tempo). Somos finitos e limitados sim, mas enquanto existimos estamos inevitavelmente conectados ao Ilimitado. Tudo o que existe está conectado. Mas somente os humanos podem desenvolver uma CONSCIÊNCIA dessa conexão essencial.

Os animais e as crianças pequenas têm um nível básico de consciência. Mas os jovens e os adultos podem, se para isso se orientarem, desenvolver níveis mais elevados de consciência e descobrir que estão conectados com o Ilimitado. Como o PC ou o smartphone são terminais que, uma vez conectado à net, têm acesso ilimitado a (virtualmente) todo o conhecimento humano acumulado e em acumulação, também similarmente, cada pessoa pode perceber essa conexão e, mesmo limitado por um corpo, por uma história, por uma mente, do ponto de vista existencial, sabe e sente que faz parte do Ilimitado, pois está inevitavelmente conectado. Perceber isso é uma espécie de revelação, um desvendar de um mistério. A morte não existe. A vida existe. Os corpos e os egos morrem. Mas que importa? Isso em nada belisca o facto de que a Existência prossegue, gerando novos terminais nervosos, onde se manifesta.


A personalidade, o ego, a história pessoal, o nome a fama, a riqueza, o reconhecimento, o sucesso financeiro ou social, tudo são pequenas e fúteis coisas perante essa realidade poderosa: o Ilimitado manifesta-se em mim e enquanto o faz eu sou abençoado. Tudo e todos são da família, na verdade é o Ilimitado manifestando-se de variadíssimas e novas roupagens. A mesma energia criadora pai/mãe de tudo. Deus.

Sunday, January 19, 2020

 

Mudança e permanência



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.


Luís de Camões



Tendo vivido já por quase seis décadas, é fácil olhar para trás e observar a verdade expressa nos versos do poeta: a mudança é uma constante da vida, nas vidas e no mundo.

Mas, também podemos observar que, pelo menos nas nossas breves vidas, existiram e persistem algumas constantes, alguns pontos fixos. Por exemplo, pontos fixos externos, o céu, o sol, a lua, o mar, a terra, o ar, a água, a natureza, a interação com outros humanos e animais. Pontos fixos internos, a respiração e a importação de dados do exterior, processada sob a forma de pensamentos, sensações e emoções.

E podemos observar que nós mesmo, mudando sempre, permanecemos os mesmos, no essencial, como que sobrepondo às antigas versões de nós que já fomos, novas versões que vamos sendo, na relação ininterrupta com o mundo, os outros e connosco mesmos. As várias camadas sobrepõem-se mas não apagam ou anulam as anteriores, apenas acrescentam.

E aqueles que ao longo da vida nos marcaram de forma indelével fazem parte desse património que permanece e vai connosco. Os que amámos continuam a ser “pontos fixos internos”, quer ainda estejam vivos quer não.






















Monday, January 06, 2020

 

O salto


Este ano de 2020, uma data curiosa, redonda, bonita, iniciou com uma sensação de amadurecimento interior, de completude, de harmonia, de ter dado um salto qualitativo de consciência, de ter feito um upgrade para uma versão mais robusta e amadurecida de mim.

A autoconfiança e autoimagem melhoraram de forma muito sensível.

Espero que isto não seja um epifenómeno químico transitório, mas sim um profundo e permanente rearranjo da minha estrutura psicológica, visando uma maior integridade como pessoa, num patamar mais elevado de consciência e do ser, mais do agrado da minha alma.

Friday, January 03, 2020

 

2020 Oxalá


Fui um menino precoce nas letras, o que muito maravilhava os meus pais. Era feliz, brincava bastante, sozinho (filho único) e com outros meninos, sobretudo nas ruas e nos campos em volta da minha aldeia – a Jungeiros de outrora.

Por ter pai autoritário, embora não violento comigo, desenvolvi uma personalidade marcada por alguma timidez. Acentuada por usar óculos desde os seis anos. Os outros miúdos corriam e saltavam, jogavam à bola ou mais tarde, iam buscar para dançar as moças nos bailes populares. A mim, os óculos atrapalhavam muitas dessas coisas banais (para os outros).

Como fui sempre bom aluno ou pelo menos razoável, prossegui estudos sem grandes dificuldades e formei-me em Direito aos 23 anos em Lisboa (FDL).

Consegui vencer alguma da tal timidez. Acabei por dedicar-me ao ensino (seis anos) e à advocacia. Sem grandes resultados, pois a minha personalidade não se enquadra muito bem nas exigências da profissão. Para piorar, a evolução das leis e das práticas forenses foi no sentido que menos me agradou: em vez de simplificação o sistema trouxe muito maior complexidade e, pior, com a massificação da profissão, deixou de ser rentável para muitos, eu incluído.

Quase nos 60, não vejo o futuro nada risonho (parece tender a piorar). Porém, devido a um inesgotável otimismo, que também sempre foi apanágio da minha maneira de ser, acabo por ir folheando os dias o melhor que posso, como se fosse em direção a um futuro, se não radiante, pelo menos bonito (como o presente).

Claro que em termos práticos, dependo do apoio da Conceição para poder levar esta “vida flauteada”, como ela diz.

Que assim possa continuar a ser, por este 2020 afora!

Oxalá!.

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