Monday, January 22, 2007

 

O que faz mover o mundo?

O que faz mover o mundo?

- O dinheiro?
- A guerra (quente e fria)?
- A economia?
- A ambição?
- O sexo?
- O amor?
- Todas estas forças?

De certo modo sim. Todas estas forças. Todos lutam por qualquer coisa, uns com objectivos claros, outros confusos, mas quase todos vão à luta do dia a dia, fazendo mover o mundo.
Muitos precisam, além dos combustíveis normais – alimentação – de aditivos de energia e falsa segurança - ansiolíticos e antidepressivos. Outros ficam-se pelo consumo de álcool e tabaco. Outros chegam às drogas proibidas.
Mas parece haver um fundo comum a todos: A sua infelicidade.

Todos foram treinados, educados, moldados, esculpidos desde a mais tenra infância, para serem pessoas profundamente infelizes. A todos é inculcado um conjunto crescente de regras, limites, condutas, comportamentos, etc. que constituem o conjunto das coisas aceitáveis ou desejáveis, deixando outro conjunto de coisas na sombra.
Ficam na sombra verdades básicas como:
- Cada ser humano é sagrado e nada existe acima dele de mais valioso.
- Cada ser humano é digno de amor incondicional, a começar por si mesmo.
- Cada ser humano já vem equipado com direitos – a viver, ser feliz e propagar a vida. Não é o Estado ou a sociedade que lhe conferem tais direitos. Deveriam sim ser os garantes de que lhe não são roubados. Mas, apesar de todas as leis e de todas as declarações, não é assim. As sociedades precisam e por isso produzem, quase exclusivamente, escravos (tão escravos que nem se apercebem de o ser).
Uma minoria de privilegiados aproveita muito bem disto.

Para isso, é inculcado ao ser humano desde muito cedo, e reforçado todos os dias ao longo da sua vida, que existem regras, valores e pessoas, deuses ou instituições acima dele.

Essa mentira repisada irá corroer o seu centro vital e torná-lo uma pessoa oca, infeliz e dependente, por ter secado o centro da sua humanidade.
Pessoas que buscarão fora de si a felicidade, quando foi entulhada a própria fonte da felicidade – o centro sagrado do seu ser.

A sociedade conduz esse processo de modelação e condicionamento continuado através de mecanismos como a família, a escola, o emprego, a comunicação social e a interacção social. O Estado submete as mentalidades também pela exibição e aplicação do poder (na administração pública, sobretudo nos tribunais, através das forças armadas e de segurança – polícias e guardas -, e sobretudo através das leis, em particular as leis fiscais).
Submersas nessas poderosas teias de condicionamento que as esmagam, geralmente de forma amena e subtil, as pessoas sentem-se vazias e infelizes.

Num mundo desumanizado e desumanizante, as pessoas, esquecidas da fonte da felicidade, que em suma, reside na sua humanidade, na sua capacidade de amar e humanizar, buscarão sem sucesso, incessantemente, no exterior, em casas, carros, carreiras, prestígio social, poder, fama, dinheiro, viagens, paixões de revista, vaidades ridículas – uma felicidade sempre impossível, transitória e imperfeita.

Em resumo, a meu ver, o grande motor do mundo é a infelicidade.

Porque essa infelicidade geral é o requisito básico da sobrevivência das sociedades, conduzindo as pessoas a matar-se (às vezes até literalmente) numa busca inglória de felicidade, que produz, como efeito secundário, o funcionamento de toda a economia - com dinheiro ou sem dinheiro, com amor ou sem amor, com mais ou menos ambição, todos se moverão, fazendo mover o mundo. Para enriquecimento e engrandecimento continuado dos ricos e poderosos, à custa da cegueira induzida de quase todos (os escravos modernos, que sabem que a sua sobrevivência depende do trabalho ou do Estado, embora paguem por ela com a própria alma).

Talvez os ricos e poderosos, apesar do seu poder e riqueza, também não sejam livres, pois temem perder o que têm por isso estão imersos na necessidade de o fazer crescer continuadamente.

Homem livre talvez seja mesmo aquele que vive segundo a receita:
Nada ter, nada recear, nada desejar.
Que tem o espírito limpo, os olhos abertos e a alma benevolente. Que não permite que lhe entulhem a fonte sagrada do seu ser. Que acredita no valor da entreajuda e usa a cooperação como método de sobrevivência.

Wednesday, January 17, 2007

 

Aborto? Nim

O Estado Português vai perguntar daqui a dias aos seus cidadãos eleitores se aceitam a descriminalização do aborto até às dez semanas de gravidez.
As opiniões dividem-se entre partidários do Sim, partidários do Não e a terceira força, os Abstencionistas. Todos têm boas razões.
Por mim, considerando embora aceitável que o aborto, praticado nessa fase inicial, seja descriminalizado (votaria Sim), não aceito que o Estado passe a dar protecção no SNS a tal prática, porque que ela continua no domínio dos comportamentos eticamente reprováveis (o que me levaria a votar Não)
O Estado pergunta uma coisa mas pretende, se obtiver o sim maioritário, fazer duas: descriminalizar (concordo) e conceder um direito novo – o de abortar nos hospitais públicos (não concordo).
O adultério já foi crime, passou ao domínio dos comportamentos eticamente reprováveis, mas não se criou direito novo – o de os adúlteros poderem praticá-lo a seu bel-prazer em salas públicas e gratuitas para o efeito.

Não gosto de me abster, como farei. Mas gosto ainda menos de votar errado (como seria quer votasse sim quer não)

Friday, January 12, 2007

 

Deus é tudo. Tudo é Deus.

Deus é tudo
E o vazio onde tudo se manifesta.

O cognoscível e o incognoscível.
O tempo e o fora do tempo.

Deus é o todo
De que és parte.

Não podes conhecer o todo
Nem relacionar-te com ele
Sem ser através das suas partes.

A natureza, os outros, tu mesmo.
São partes que podes ir conhecendo.

O modo como interages
Com essas partes de Deus
Marca e define como tu és, quem tu és.

Não podes amar Deus
Senão através do amor que dedicares
Às partes que dele te cabe conhecer.

Se não amares essa insignificante parcela,
Simplesmente não amarás.

Se não souberes amar, tudo será inútil e vazio.
Mas se souberes amar,
Então, por amor, tudo te será permitido.

Wednesday, January 10, 2007

 

Partir

Há quase sempre em partir
Uma tristeza qualquer
Algo que foi, já não é,
Dissolve-se no porvir.


Partir é também quebrar.
Qualquer coisa se acabou:
Os laços com um lugar,
Os laços com quem ficou.


Morre quem fica e quem vai,
O tempo os vai separar;
A memória já nos trai
Quando os q’remos relembrar.

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