O Mestre e o Discípulo

Não é que eu ligue muito a signos. Na verdade, não ligo nada. Mas o meu signo é gémeos e posso servir-me dele como inspiração para algumas reflexões.

Como se em mim fossem dois os que pensam, sentem e decidem. Frequentemente, um discorda do outro. Um gosta de fumar, beber aguardente ou conduzir veloz. O outro não deixa. Um é sensual, o outro é casto. Um é medroso e teme até o que só existe na imaginação. Tudo lhe parece difícil ou impossível. Acha-se perante a vida um covarde e um incapaz. Outro é corajoso, nada teme, nem sequer o sofrimento ou a morte. Não é que seja capaz de tudo, mas é capaz de renunciar a tudo, o que é outra forma de chegar lá. Sinto que sou ambos e a cada passo, sou eu quem escolhe qual deles vence, quando discordam.

Aljustrel

 

Sangue mineiro,

(Isto disse-me hoje ao ouvido o Malacate Viana)

José Francisco

Entre o passado que já tive

(e o outro onde não estive)

E o futuro que talvez terei

(e o outro onde não estarei)

Existe o hoje,

O ponto intenso

onde se cruzam duas eternidades:

A que foi e a que será.

E neste lugar deslumbrante,

absolutamente real,

Neste dia que nunca houve

e não mais existirá,

Fui autorizado a vivê-lo

e a dizê-lo.

A vida é complicada.

O mundo é complicado.

As pessoas são complicadas.

Estão bem uns para os outros.

Eu sou simples

E amo a simplicidade.

É milagre ou capricho divino

Que eu exista ainda.