Saturday, July 18, 2015
Tico
Desde 1 de agosto temos mais um cão. É o Tico. Veio connosco do Porto, tem seis meses e está a adorar a casa do Alentejo, a aldeia, os campos em volta e a Linda, que também já começou a achar-lhe piada.
Wednesday, July 08, 2015
Equidistantes de Deus
Sendo
Deus tudo o que existe e nada podendo ficar de fora, nem um átomo
nem uma partícula de luz, ou mesmo um recanto escuríssimo do
universo onde nem a luz penetra, cada ser vivo e cada ser humano são
partes integrantes desse todo incalculável e divino.
Estando
Deus em toda a parte e igualmente em toda a parte, apesar da infinita
diversidade com que se apresenta em cada lugar e em cada ser, não
pode estar nem está, mais perto de uns e mais longe de outros. E
ainda que uns pensem poder aproximar-se e outros pareçam estar dele
tão afastados, na realidade estamos todos, sempre, equidistantes de
Deus.
Equidistantes da morte
Podemos
ter 90 anos ou 90 dias. Podemos ser famosos ou ilustres
desconhecidos. Podemos ser muito ricos ou sem-abrigo. Sábios ou
analfabetos. Saudáveis e na força da vida ou velhinhos doentes
esquecidos num lar.
A
vida pode parecer que tem muito passado ou muito futuro. Na
realidade, pode sempre terminar no instante seguinte. Estamos, todos,
equidistantes da morte.
Saber
esta verdade, porém, de nada adianta. É atrás de ilusões que
corremos e não de verdades. E por corrermos assim, deliberadamente
inconscientes, a vida prossegue e propaga-se. Os deuses saberão
porquê e para quê.
Sunday, July 05, 2015
Vida, deslumbrante e frágil
A cada instante, a
consciêndia da incrível maravilha de continuar vivo.
E o temor de poder
desaparecer para sempre, no momento seguinte.
Friday, July 03, 2015
O bem e o mal
Temos a tentação, por causa de nossa
sede de Justiça, de distinguir o que é bom do que é mau. Os
homens, os países, as empresas, os pensamentos, etc.
Custa-nos que estejam sempre misturados
de forma inextrincável, o bem e o mal.
Gostaríamos de poder separá-los,
ficar com (pelo menos o nosso) bem e deitar fora (pelo menos o nosso)
mal. Infelizmente, tal não é possível.
O que somos
Cada
um de nós foi construído a partir de cópias de páginas químicas
(adn) provenientes de milhares de outras cópias de adn, numa
sucessão ininterrupta desde o princípio da vida na Terra. As vidas
que as cópias anteriores viveram (milhões de anos de vidas animais
e posteriormente humanas) deixaram marcas ou traços, que se
combinaram com os traços antigos, em vigor desde os tempos
primordiais.
Herdamos
tudo isso, numa mistura única. Uma composição nova, com letras
antiquíssimas, com memórias inscritas de inúmeras vidas, animais e
humanas, metade delas femininas, outra metade masculinas.
Temos
recursos virtualmente infinitos, porque os nossos genes são cópias
fiéis de genes que já viveram quase tudo – nascimentos, dores,
tragédias, lutas, doenças, amores e desamores, trabalhos duros e
serões amenos, amizades e ódios de estimação.
As
novas tecnologias e meios de comunicação e a difusão generalizada
do saber mantiveram intocado o essencial do que somos – animais
domésticos capazes de regressar facilmente ao estado de fera temível
(crimes horrendos são o dia dia mundo fora, como desde Abel e Caim).
Fomos
feras animalescas durante muitíssimo mais tempo do que somos humanos
(feras mais perigosas, porque sabem o que fazem).
Da
morte nada sabem os genes (a não ser da morte alheia). Muitas das
nossas cópias de adn sabem o que é matar. Mas nenhuma sabe o que é
morrer. Pois apesar de todas terem chegado a ter essa última
experiência, já não puderam passar adiante esse conhecimento.