Monday, December 21, 2009

 

Gosto do céu e do mar

Gosto do céu e do mar
E das planícies sem fim
Gosto muito de gostar
E de que gostem de mim.


Com olhos azuis espreito
Essas belezas sem par.
Parece um mundo perfeito,
Gosto do céu e do mar.


A natureza sem gente
Parece mesmo um jardim.
Sinto o respirar do mundo
E das planícies sem fim.


Não gosto de ser mandado,
Muito menos de mandar.
De quem estiver a meu lado
Gosto muito de gostar.


Não basta ser bem tratado,
Um gostar assim-assim.
Gosto de ser bem estimado
E de que gostem de mim.

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Carta de amor

Gosto de sentir-te fria,
Quando à noite me deito
E com serena alegria
A ti me encosto e me ageito.


Nos longos dias de V'rão,
No final de cada dia,
Gosto dessa sensação,
Gosto de sentir-te fria.


E se acaso algum problema
Me persegue até ao leito,
Depressa lhe viro as costas
Quando à noite me deito.


Eu não sou ambicioso,
Quero a tua companhia;
A ti me entrego com gozo
E com serena alegria.


Seguiremos sempre juntos
Vivendo esse amor perfeito,
Minha querida almofada,
A ti me encosto e me ageito.

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Saturday, December 19, 2009

 

Deus assim

Deus sempre existiu.
Porém, jamais se revelou
Como Deus
E sim
Diversamente.

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Monday, December 14, 2009

 

Ai que prazer...cumprir um dever...

“Ai que prazer
Não cumprir um dever...” Alberto Caeiro


Todos temos deveres. Coisas que, a bem ou a mal, se nos impõem.
Têm de ser feitas. Algumas podem ser adiadas, outras nem isso.

Sempre me entendi como um espírito que aspira a ser livre. Sabe que não pode ser, que somos escravos da necessidade e prometidos à morte. Mas a aspiração está lá, não morrerá senão com a impossibilidade de aspirar (oxigénio).

Tenho aprendido desde há muito, com razoável sucesso, a encarar os meus deveres como algo a que, não podendo fugir, posso, primeiro dar atenção, depois procurar outro ângulo. Um ângulo por onde o dever, o que tem de ser, parece um prazer.
Então, bem-disposto, vou-me a ele...

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Thursday, December 10, 2009

 

O terceiro canal

As relações interpessoais e a nossa relação interior com a opinião que que achamos que os outros têm a nosso respeito, ajudam a redefinir continuamente a textura e as fronteiras do nosso eu.

Nas relações com os outros, existem três canais preferenciais: o medo, o respeito e o afecto. Cada um de nós usa todos eles, em diferentes proporções e mudando a composição ao longo da vida.

Por mim, tenho vindo a deixar minguar por desuso, o canal do medo – detesto ser atemorizado (como fui durante a infância e juventude) e dispenso completamente ser temido.

Tenho privilegiado o canal do respeito. Habituei-me a respeitar os outros, sejam quem forem e como forem. E a contar ser respeitado. Julgo que tenho sido bastante bem sucedido nisto.

Tenho procurado usar o terceiro canal: o canal afectivo – dar e receber calor – nas minhas relações com os outros. Gostava de ser melhor sucedido nesta parte. Ainda posso aprender bastante.

Este é o canal mais importante para cada indivíduo e simultaneamente o menos valorizado socialmente. Aliás, é curiosa a inversão da ordem de valores. Por ordem decrescente:
Para o indivíduo: afecto, respeito, temor.
Para a sociedade: temor, respeito, afecto.

Os poderosos procuraram sempre mais ser temidos do que respeitados ou amados (mesmo que às vezes se iludissem julgando-se respeitados e até amados – até à primeira reviravolta política).

Não tenho nem nunca quis ter poder (impor a minha vontade a outrém, forçando-o a fazer o que não quer, apreciando ou não).

Não suporto bem que tenham poder sobre mim. Posso obedecer por fora, por economia de esforço, mas escarneço sempre de qualquer imposição exterior.

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