O Mestre e o Discípulo

A ganância insaciável dos ricos e o instinto de sobrevivência dos pobres reforçam, em permanência, o desejo de acumulação de bens, como linha de defesa (ilusória) contra as adversidades e fragilidade da vida humana. A economia congrega a inteligência, esforço e organização humanas na direção do crescimento continuado dos resultados. Ora, crescimento continuado é um padrão impossível, indesejável e até doentio. Na natureza vemos os seres crescerem a após atingirem um certo patamar, o crescimento abranda ou cessa, para que a expressão particular da vida floresça, usufruindo harmoniosamente da sua existência. No corpo humano, o crescimento continuado de grupos de células pode dar origem ao cancro. O mundo atual, graças ao progresso científico e tecnológico, acelerou de forma alucinante, dando a sensação de que é sempre possível ir mais longe e mais depressa, em todas as áreas. O crescimento continuado é visto não só como natural mas desejável. Acontece que os ritmos da natureza e os ritmos humanos continuam os mesmos de sempre. Se continuarmos presos aos mesmos desejos e não alterarmos prioridades, o crescimento económico pode até continuar. Mas à custa de danos crescentes na natureza e na própria natureza humana, cada vez mais pressionada por exigências sem fim e um retorno incerto de bem estar e segurança, condições de base para uma vida saudável e harmoniosa.