Tuesday, June 18, 2019
O Direito e a Vida
Quando eu era jovem, deixei-me distrair demais da beleza extrema da vida, por ter escolhido uma área de estudos que privilegia o uso do intelecto na dissecação e regulação da vida social dos indivíduos e das instituições.
O Direito, apesar da sua
aridez vital, fascinou-me porque exibia a afirmava a inteligência
humana.
Depois de formado e
porque era preciso “ganhar a vida”, exercer uma profissão,
tentei vários caminhos, todos tendo por base a minha área de
formação académica (magistratura, registos e notariado, ensino) e
acabei por prosseguir o ensino (nos primeiros anos) e pela advocacia
(até ao presente).
Durante alguns anos,
fui-me adaptando às exigências e características da profissão,
exercida na província. Não me preencheu, mas bastou para me deixar
a sensação de suficiente enquadramento socio-profissional.
Com o tempo, a vida
social e a ordem jurídica foram-se tornando cada vez mais complexas.
E eu, divergindo cada vez mais, buscando a apreciando cada vez mais a
simplicidade.
Reencontrando a
inteligência, afinal, por toda a parte, em todas as expressões de
vida e mesmo em todas as expressões da matéria. Até a água, o ar
e um simples átomo são expressão de uma inteligência intrínseca,
que só pode ser atribuída a uma energia comum criadora,
impulsionadora de tudo o que se manifesta na existência. Posso
chamar-lhe energia super-inteligente, super-poderosa, supremamente
bela. Ou chamar-lhe simplesmente Deus. Acontece que o Direito cresceu
(na sociedade) para ficar afinal muito pequeno (na minha mente)
perante a grandeza de tudo o que ficou fora dele e é, isso sim,
verdadeiramente grande. E me encanta definitivamente.
Thursday, June 13, 2019
O medo, culpa e repressão sexual.
As armas mais
antigas de controlo social e ainda as mais comuns atualmente: o medo, a culpa e a repressão sexual.
Aos miudos dizia-se
antigamente “se não te portas bem, vou chamar o velho do saco”
ou outras ameaças equivalentes.
E pela vida fora, tanto a
família, como a escola, a igreja e as pessoas em geral, adotam
correntemente formas diversas de amedrontar os mais fracos ou
temerosos, para assim os condicionar. O condicionamento existe para
benefício do condicionador e prejuízo do condicionado. Mas as
formas muitas vezes subtis de amedrontar nem chegam a ser percebidas.
Modernamente, as formas
mais comuns de amedrontar as pessoas ocorrem através da comunicação
social. A divulgação minuciosa de perigos, crimes, catástrofes e
acidentes, instala-se na mente dos destinatários como um alerta,
reforçado de forma quase diária, para os perigos a que cada um se
expõe pelo simples facto de existir.
Esse medo, instilado em
doses moderadas mas repetidas, modela e limita quem o sofre, de forma
inconsciente. E faz mal à saúde. Ninguém pode viver
harmoniosamente em alerta quase permanente (mesmo as pequenas doses
diárias de rubricas que exibem doenças e sintomas de problemas de
saúde mais não são que injeções de medo disfarçadas).
Outro inimigo da saúde
mental é a culpa. Sempre que algo desagradável acontece,
existe a tendência natural para encontrar culpados. Muitas vezes
acham-se depressa demais e a forma excessiva com que se descarrega no
“culpado” representa quase sempre uma injustiça. Muitos factos
indesejaveis acontecem acidentalmenre, por descuido ou distração
desculpavel. Mas a falta de empatia com o “culpado” e a tal
necessidade (e até algum prazer sádico) em descarregar em alguém o
peso das coisas más, leva-nos a ser facilmente desumanos com o
próximo.
Não assumir a culpa é
algo comum nos humanos. Descarregar as culpas noutros é quase tão
comum. Nos tribunais, é mais frequente o réu não assumir a culpa
do que fazê-lo. Chega a culpar a própria vítima pelas
consequências das suas ações.
Nas relações pessoais,
particularmente dentro da família e no trabalho, o passa-culpas é a
moeda forte. Há sempre alguém para culpar, nem que seja o gato (na
família) ou a empregada de limpeza (no meio laboral).
Em vez do medo e da culpa
como fatores de modelação permanente das mentes, eu gostaria de ver
a alegria, como estado desejável. Para isso, deveríamos
treinar-nos de forma persistente uns aos outros e cada um a si mesmo,
por todos os meios que a imaginação puder, a ser alegres. Pessoas
em quem a alegria interior está presente não precisam nem gostam
de maltratar o próximo. A conflitualidade entre pessoas
diminuiria drasticamente. No limite, as próprias guerras seriam
impossíveis, pois pessoas felizes se recusariam a ir combater os
supostos inimigos (reconhecendo que são afinal seus iguais e
igualmente vítimas de manipulação por parte de figurões
psicopatas para quem a vida alheia pouco ou nada vale comparada com
os seus interesses egoístas).
E apesar das
dificuldades e problemas que todos sempre terão de enfrentar na vida
(uns mais outros menos) a verdade é que existe uma razão fortíssima
para estarmos gratos e alegres: continuamos vivos e continuam vivos
quase todos os nossos ente-queridos. Em cada dia, isso é um milagre
incalculável.
A repressão da sexualidade foi sempre uma arma privilegiada de controlo social. Desde as formas mais rudes como a mutilação genital masculina e feminina, até às ameaças dos fogos dos infernos, às penas pesadíssimas para os desobedientes nesta matéria, até às modernas formas de crítica de costumes, com consequências mais atenuadas mas sempre presentes no espírito dos indivíduos.
Durante milénios as ameaças de vários infernos (no além) e castigos severos (no aquém), até mesmo pena de morte para os infratores das regras de "bom comportamento sexual" devem ter deixado marcas muito profundas na psique humana.
A repressão da sexualidade foi sempre uma arma privilegiada de controlo social. Desde as formas mais rudes como a mutilação genital masculina e feminina, até às ameaças dos fogos dos infernos, às penas pesadíssimas para os desobedientes nesta matéria, até às modernas formas de crítica de costumes, com consequências mais atenuadas mas sempre presentes no espírito dos indivíduos.
Durante milénios as ameaças de vários infernos (no além) e castigos severos (no aquém), até mesmo pena de morte para os infratores das regras de "bom comportamento sexual" devem ter deixado marcas muito profundas na psique humana.
Friday, June 07, 2019
Futuro
Quando eu era jovem (que jovem era)
achava que teria um futuro radioso. Não sabia bem o quê, mas como
menino bem comportado, estudante bem sucedido e pessoa geralmente
saudável (tirando a miopia), nada me dizia que a vida pudesse ter
grandes contratempos e muita coisa boa ainda viria. De facto, muitas
chegaram, sobretudo alguns amores e ter sido pai de duas boas
meninas.
Mas como profissional não passei da
mediania. Não me encantou quase nada o exercício da profissão e
menos ainda o facto de não ter dela grandes proventos. E com o tempo
só piorou. Há muito mais advogados e os assuntos que vão
aparecendo são quase todos do mais chinfrim que há. Apesar de
muitas melhorias nos métodos de trabalho, tal foi negativamente mais
que compensado pela enorme complexificação da Ordem Jurídica. A
profissão tornou-se com o tempo muito mais complexa e muito menos
compensadora. Acresce que com a diminuição da capacidade de memória
(após enfarte gravíssimo aos 50 anos), a minha capacidade de trabalho e
meu interesse pelos assuntos e pelas novas leis tem vindo a diminuir
gradualmente. O meu futuro não foi radioso. Era uma ilusão própria
da idade e da falta de experiência de vida. O meu presente é
periclitante: E agora o (resto de) futuro parece cada vez mais
ameaçador. Sigamos.
Thursday, June 06, 2019
Viveste
Viveste.
Não foi em vão.
Amaste,
Sofreste.
Não foi em vão.
Como as flores,
Que nada pedem
Senão o que o seu destino dá,
Perfumaste a vida.
Quem vive assim,
Quem sorri assim
Com os olhos da alma
Fica, mesmo quando parte,
Para sempre inesquecível.
Wednesday, June 05, 2019
Coisas
Coisas masculinas:
Desportos de competição, em especial
futebol.
Carros
Passear à toa
Velocidade
Beber demais
Gostar de Sexo
Assobiar
Conquistar
Vencer
Destruir
Construir
Agredir
Matar
Sol
Intelecto
Coisas
femininas:
Roupas, sapatos,
malas, perfumes, enfeites, cortinas, flores, plantas, compras em
geral.
Cozinhar
Passear com
propósito
Gostar de namorar
Lua
Acolher
Integrar
Sentir Empatia
Amar
Dar Vida
Poesia
Flores
Crianças
Terra
Intuição
Coisas
neutras:
Ler
Comer
Ouvir música
Conversar
Encontrar amigos
Rir
Dormir
Cantar
Viajar
TV, Cinema
Navegar na Net
Animais de estimação
Água
Inteligência
Nota:
Em cada homem e e cada mulher estão
etivas ambas as energias, masculina e feminina (todos herdamos metade
de genes masculinos e metade de genes femininos). Em doses diversas.
Certa mulher pode ter mais energia masculina do certo homem e outro
homem mais energia feminina que outra mulher.
Um equilíbrio de ambas as energias,
quer no homem quer na mulher, seria o ideal, raramente encontrado.