Thursday, August 15, 2019

 

O real


O real é uma das faces visíveis de Deus.
Mas nós habitualmente não vemos o real. Vemos o sofisticado mapa mental que a mente dele criou e recria, para fins utilitários e de sobrevivência. É neste real artificial, mental, que nos achamos imersos e de onde raramente emergimos. Quando tal acontece e por feliz acaso e de relance vemos o real, ficamos quase esmagados pela sua beleza extrema.

Poderia ficar toda a eternidade a olhar para uma árvore ou um rio ou o voo de uma ave. Jamais me cansaria. O real é sempre pujante, velho e novo, o de sempre e o nunca visto, tudo em um.



 

Em breve...



Preocupamo-nos com as chatices do dia a dia. E tentamos resolver o melhor que sabemos. Esquecemos essas e logo outras surgem. É uma enfiada de chatices sem fim.

Mas que felizes são, sem se aperceberem, os que levam a vida a lidar com pequenas chatices, dispensados de enfrentar as grandes (doenças terríveis, guerras, miséria, abandono).

Em todo o caso, para todos vale a regra se exceção:
Em breve estaremos todos mortos.

Wednesday, August 07, 2019

 

Mudamos





Mudamos. A vida muda e nós mudamos. Muitas pessoas que nos conheceram noutros tempos, morreram ou ausentaram-se da nossa vida. O reflexo de nós que nos devolviam sempre que nos encontrávamos, esse reflexo de nós não existe mais.

Entram novas pessoas nas nossas vidas. Devolvem novas imagens de nós. Já não somos os mesmos, porque as imagens que os espelhos (dos olhares alheios) nos devolvem são diversas.

E os espelhos reais devolvem também a nossa imagem agora envelhecida pela passagem do tempo.

Cada foto nossa antiga nos parece bem antiga. As de agora parecem algo estranhas, estamos mais velhos, sim.

Mas por dentro ainda somos, apesar de tudo, no essencial, a mesma pessoa. Sabemos que o nosso eu é o mesmo. Sempre. Mesmo nos sonhos mais absurdos, onde deveríamos questionar “mas o que é isto?!”, não questionamos e ainda somos nós a “viver” aquilo.

Há uma consciência de si mesmo que permanece, atravessando incólume todas as vicissitudes. Isso é reconfortante. Jamais seremos outro: seremos o mesmo ou nada.

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