Friday, February 19, 2016

 

Pai



                                                                                








O meu pai foi uma figura memorável. Uma personalidade sui generis. Um lado bem disposto, alegre a sociável, acima da média. Outro lado irrascível e dominador, de um mau feitio explosivo como poucos. Uma personalidade algo bipolar, sem chegar a ser doentia, apenas uma forma de ser muito especial.
Em menino sempre tive muito medo dele, por causa dos modos autoritários. Ao longo da vida fomos bons amigos e rimos muitas vezes juntos.
Passou-me muitos sermões e deu-me muitos conselhos. Durante muito tempo fui o bom filho, obediente e compreensivo. Com o tempo ele perdeu o pé quando percebeu que eu já não era o menino obediente. Isso deixou-o um bocado desconfortável. Mas continuámos amigos até ao fim da sua vida há dois anos.
Parte do meu modo de ser foi influenciado pelo nosso longo e próximo convívio.
Outra parte resulta de eu não querer ser como ele nalguns aspetos que me desagradavam, sobretudo o lado dominador e autoritário.
Tive de lidar com uma timidez acima da média, que desenvolvi por ter crescido com um pai que me metia medo, apesar de gostar dele.
Vivi o suficiente para me afirmar como pessoa e como profissional.
Como pessoa gosto muito de mim assim. Sempre me respeitei e não fui obrigado a fazer nada contra a minha consciência, o que me dá paz interior.
Social e profissionalmente estou no limite do aceitável. Interesso-me apenas o mínimo para não ser nem um anti-social nem um mau profissional.

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