Sunday, December 30, 2012

 

Votar ou não votar, eis a questão.

No tempo já afastado da minha juventude, vivi a alegria coletiva da Revolução do 25 de Abril de 1974. Não foi certamente nada fácil a rápida transformação política, social, económica e cultural então vivida. Sobretudo para quem tinha responsabilidades de vária ordem (políticas, familiares, empresariais). No caso do estudante que eu era, amparado pelos meus pais, foi um tempo feliz e cheio de alegria e entusiasmo. Um presente intenso prometia um futuro melhor para os portugueses e para Portugal, apesar das dificuldades (descolonização, falta de dinheiro e incertezas várias). A classe política que cedo se instalou – os partidos PS PSD e CDS - foi guiando o país por um destino que até parecia risonho – a melhoria da condição de vida da generalidade da população, dos índicadores gerais de civilização: escolaridade, mortalidade infantil, esperança de vida, níveis de conforto, etc. melhoraram radicalmente. A partir do 18 anos fui chamado a votar. Votei com satisfação e orgulho por ser já um adulto, pelo menos para aquele efeito. Desde esse tempo e por mais de três décadas fui chamado a votar (como os restantes portugueses maiores, sobretudo os residentes no território nacional). Fui sempre. Nunca quis nem precisei de faltar (embora uma ou outra vez tenha votado em branco). Aqui chegado, à crise tremenda em que o país se deixou enredar, vejo agora que o caminho traçado foi um gigantesco logro, uma armadilha mortal dos poderosos para submeter os homens comuns à escravidão desesperada. E os políticos que elegemos não estiveram à altura de nos guiar por diferentes caminhos, mais seguros e respeitadores dos valores da vida e da dignidade humana. Pelo contrário, deslumbrados pelo brilho do dinheiro alheio e da vaidade própria,eles guiaram-nos precisamente para o beco sem saída (exceto a morte) em que estão e estarão cada vez mais milhares de famílias e a um tempo de prolongada agonia para Portugal. O futuro, pela primeira vez para os portugueses de hoje, é garantidamente negro, para várias gerações. Sinto-me absolutamente enganado, como de resto a generalidade dos portugueses, pela nossa classe política das últimas três décadas. A mesma que se perfila para se governar na desgraça, como se governou na abundância (falsa para a maioria, mas verdadeira para os vilões espertos). Estou hoje completamente convencido que o regime atual não permite que se saia desta camisa de forças que nos esmagará cada vez mais. Não é um regime que permita a eleição dos melhores, na perspetiva do interesse da generalidade dos cidadãos na construção de uma sociedade mais decente e menos injusta para si e para os seus, de hoje e de amanhã. Mas que apenas promove os que mais convêm, a cada momento, às elites partidárias e sobretudo aos interesses económicos e financeiros (nacionais e internacionais) que atrás deles se escondem e com a sua mediocridade medram e engordam. Consciente disto, não posso e não vou voltar a votar, seja em quem for, para não participar mais na farsa. Não o faço com alegria nem com mágoa. Mágoa tenho do presente de Portugal e do seu terrível futuro certo (o que a Grécia vai mostrando). Alegria teria se pudesse acreditar num futuro melhor para os portugueses e para Portugal.

Wednesday, December 19, 2012

 

Pensamento do dia

Eu não sou a minha conta bancária; a minha conta bancária não sou eu. Eu sou algo, vagamente conhecido, de valor incalculável. A minha conta bancária é uma sequência arbitrária e flutuante de algarismos, eventualmente precedidos do sinal menos. O que não faz de mim nem mais nem menos humano.

Wednesday, December 12, 2012

 

Autores favoritos

Autores que li e muito apreciei durante os anos entre o fim do meu curso (1983, 23 anos) e o meu primeiro casamento (1987, 27 anos). Foi um tempo sobretudo de grande tristeza e grande solidão. Fico para sempre grato a estas pessoas que não conheci mas muito me ajudaram com as palavras escritas que deixaram. Fernando Pessoa, em grande e decisivo destaque (dele li tudo o que encontrei e sobre ele também). Fiquei fã devotado para sempre. E Florbela Espanca, José Saramago, António Lobo Antunes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Manuel da Fonseca, Ferreira de Castro, Pablo Neruda, Vinicius de Moraes, Carlos Drumond de Andrade, Herman Hesse, Wilhelm Reich, Albert Camus, Josué de Castro, Erich Fromm, Cecília Meireles, José Leite de Vasconcelos, João de Deus, Luis de Camões, ...entre muitos outros...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?