Thursday, January 15, 2015

 

A constância dos afetos







Após quase três décadas, voltei a viver na casa da aldeia onde nasci - Jungeiros.

Grande parte das pessoas de gerações anteriores que aqui viveram no tempo da minha

infância e juventude, sobrevivem apenas na memória dos vivos.

Passo pelas ruas e muitas casas perguntam se me lembro daqueles que ali viveram,

como eram e o que sentia por eles quando convivíamos. Respondo-lhes que sim,

lembro-me perfeitamente.

Reencontrei muitos amigos de infância e juventude, agora de cabelos brancos como

eu e quase todos com netinhos. Somos todos diferentes, mas continuamos a ser

teimosamente os mesmos.

Reparo com alguma surpresa que o modo particular como me sinto em relação a cada

um se mantém praticamente inalterado, tanto nos afetos como nos desafetos.

O tempo muda-nos e, ao acabar o nosso, desaparecemos da vista dos que cá ficam.

Os afetos, porém, parecem ter uma ESTRANHA E INVULGAR RESISTÊNCIA.

Uma vez enraizados, resistem para sempre. Se a morte permitir que persista algo de

nós, os nossos afetos estarão lá connosco.
 
 


This page is powered by Blogger. Isn't yours?