Sunday, May 31, 2015

 

Capitalismo e Humanismo




Capitalismo: o dinheiro em primeiro lugar

Humanismo: as pessoas em primeiro lugar







Neste tempo de primazia absoluta do dinheiro, por toda a parte como deus único e universal, as pessoas quase deixaram de contar. O trabalho (a escravatura) a que são destinadas quase todas, não mudou muito. O desamparo a que são votadas sim, tem vindo a aumentar, porque cada vez mais, massas imensas de pessoas, são descartáveis. Os sistemas económicos e produtivos funcionam bem sem elas. As máquinas fazem cada vez mais quase tudo o que há para fazer. E não adoecem, não fazem greve, não falam mal nas costas e sobretudo não ganham salário.





No mundo perfeito do capitalista, as máquinas farão quase todo o trabalho, os servidores humanos dedicar-se-ão a aperfeiçoar as máquinas. E os senhores usufruirão da acumulação crescente de riquezas e bem estar.





Mas, para desgosto do capitalista, a população mundial não cessa de aumentar e a riqueza de se concentrar nalguns. A massa imensa de pobres e excluídos é avassaladora. Vão continuar a fugir cada vez em maior número das regiões onde a miséria é endémica, para o que acham ser um porto de salvação ou de obtenção de uma vida digna.



O modo como estão a ser tratados os pobres deste mundo é vergonhosamente desumano. E a coisa tende a piorar muito. Serão mais e os meios usados, não a seu favor, mas contra eles, serão cada vez mais intoleráveis, do ponto de vista humano.





No mundo ideal do humanista, a proteção e defesa da vida humana estaria sempre em primeiro lugar. E a natureza e os animais, logo a seguir. O dinheiro seria apenas um meio. O intermediário geral de trocas, dizem os economistas. Um meio usado para benefício de todos. Não um fim em si, em benefício só de alguns.



Monday, May 18, 2015

 

O meu coração está triste


"Quem de Deus não conhece senão as suas criaturas não precisa de outras catequeses ou de sermões. Porque cada criatura é um inteiro livro sobre Deus."                                                          
                   Meister Eckart



O meu coração está triste,
Morreu o Bolinhas.

O que eu perdi,
(O amor dele)
É muito.

Ele perdeu mais,
Perdeu a vida,
Perdeu tudo.

O Bolinhas foi um pequeno cão
Mas o seu imenso amor por mim
Deu-lhe um lugar grande
No meu coração.

Obrigado por teres sido um cão tão bom
E teres-me amado sempre e muito, por toda a tua vida.

Saturday, May 16, 2015

 

Desligar o ego





Durante o processo de crescimento, sobretudo, mas sempre, ao longo da vida, vamos criando uma carapaça composta por modos de ser e reagir à vida e aos outros, que se por um lado nos facilitam a vida e defendem através do nosso percurso vital, também nos perturbam a visão de nós mesmos, de quem realmente somos e como somos.



Essa carapaça social (conjunto de máscaras) é o ego. Útil, mas nem sempre. Quando estamos sós, deveríamos poder (saber) despir essa carapaça e ser simplesmente nós mesmos, sem máscara alguma.



Tenho vindo a perceber ultimamente, por experiência própria, que posso desligar o ego e lidar com os outros desarmado, sem medo de ver o que (me) acontece.



E sabendo embora que posso ser fisicamente atingido, ferido ou mesmo morto por ação alheia (tal como pela natureza), percebi que aquele que verdadeiramente sou, com o ego desligado, é inatingível. Nada pode ferir ou destruir esse eu que, caso estivesse ligado, poderia ser melindrado, por pequenas ou grandes ações, omissões ou palavras alheias. Desligado, faz-me imune ao mal (moral) que poderiam fazer-me.



 

O direito e a vida





O direito, ciência social e também conjunto de leis e regulamentos em vigor numa sociedade, tem, no palco dos tribunais, uma das ocasiões privilegiadas de se confrontar com a vida. E esta com o direito, que além das leis da natureza e outras (morais, religiosas, etc.) também se propõe regê-la.



O direito, como formulação de ideias abstratas, é a produção humana mais desinteressante e sem graça que conheço. Já a vida é sempre, mas sempre, interessantíssima, surpreendente e cheia de graça.



Por isso é sempre um espetáculo novo e imprevisível ver a vida a debater-se e a ser enquadrada pelo direito, nos meandros dos tribunais. A vida, quente por natureza, a ser escalpelizada, analisada e julgada, a frio, pelo direito, autoproclamado bastião da racionalidade.



Sunday, May 03, 2015

 

Acasos felizes




Claro que não sei se existem acasos. Nem os felizes nem os infelizes.
Mas que são muitas as vezes em que parecem existir, isso não tenho dúvida.

Como leitor encartado de longa data, tendo esta por uma das minhas mais prazerosas formas de usar o tempo e como hábito frequente deixar que o acaso me guie pelas estantes das bibliotecas, permitindo que sejam os livros a escolher-me e não o contrário, desta vez um deles acertou-me em cheio na cabeça.
Foi publicado o mês passado, estava bem à vista na biblioteca de Aljustrel e em boa hora o escolhi.
As crónicas ("Que coisa são as nuvens") são muito interessantes e inspiradoras e, se nenhuma me deixa indiferente, algumas parecem um espelho benévolo onde me revejo. Benévolo, porque não mostra as rugas da minha face e sim as vibrações íntimas da minha alma.
Não é pequeno feito, José Tolentino de Mendonça.

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