Friday, September 13, 2013
O soldado
Há cem anos veio um dia
Trazido pelo destino
Ao Porto que então havia,
Um soldado sério e fino.
Aquele jovem pastor
Que desviaram do gado,
Vestia a farda a rigor
E era agora soldado.
Do Alentejo a saudade,
Da família mais ainda,
Percorreu esta cidade,
Alegrou-se, achou-a linda.
O seu olhar bem treinado
E as pernas fortes de andar
Salvaram o bom soldado
De por cá se magoar.
Boas lembranças levou
Dos dias aqui passados.
Mais tarde aos filhos contou
Esses dias conturbados.
O jovem Sebastião
Pai do meu pai, meu avô.
O soldadinho de então
Que o Porto me recordou.
Vejo o velho casario
Vejo o velho casario
De prédios abandonados:
Velhas portas e janelas,
Fachadas, ferros, telhados.
Tristes, mudos, sem poder
Contar o muito que viram:
Tantas vidas a passar,
Tantas conversas que ouviram.
Parecem estar a lembrar
Os que lá dentro viveram:
Tantos anos a vibrar
E todos desapareceram.
Gritos, choros, discussões,
Crianças em correria,
Amores, ternas paixões,
Tudo abrigaram um dia.
Alguns vislumbram ainda
Obra nova, nova vida.
Gente seria benvinda
A essa nova guarida.
Mas outros, ao ver que passa
Pela rua algum velhote,
Sentem no ar a desgraça,
Que a morte a todos derrote.
Tuesday, September 10, 2013
Cinco Verdades
1. A tecnologia aproxima as pessoas. A tecnologia afasta as pessoas.
2. A vida acaba. A vida não acaba.
3. A vida é simples. A vida não é simples.
4. Amanhã, posso não viver. Amanhã, posso viver.
(Uma destas coisas espantosas ocorrerá).
5. A beleza é infinita. O horror é infinito.
Deus (de novo)
1. Deus:
Energia ilimitada em perpétuo movimento através do espaço e do tempo, ilimitados também, criando e extinguindo formas e seres, infinitamente.
2. Viver é estar em perfeita harmonia com Deus e sabê-lo. O resto é, quando muito, existir.
(O Sol existe e está em perfeita harmonia com Deus, mas não sabe nem pode saber.
Seria feliz se soubesse. Sei eu por ele e sou feliz por isso aqui e agora).
A humanidade, quase toda, entretida e enredada em mil pequenos nadas, não sabe. Mas podia saber.
É algo à disposição de cada um. Basta buscá-lo. Buscar é encontrar.
3. O bem e o mal são aspetos de Deus. Estão na natureza.O bem e o mal moral estão na natureza humana (e são também aspetos de Deus).
No plano material, o bem gera o bem e o mal. E o mal gera o mal e o bem. É a dinâmica perpétua intrínseca deste plano.
No plano espiritual, o bem gera o bem e o mal gera o mal. Sempre.
(A luz gera sombras sem querer. Não nos assustemos com as sombras, mas alegremo-nos por haver luz).
Sou simples
Sou simples e gosto da simplicidade. Por isso me dou tão bem com os animais, as crianças pequenas e as pessoas simples. Talvez por isso o requinte e o luxo me façam sentir deslocado. Estão demasiado distantes da minha natureza.
Deus também parece apreciar a simplicidade. Por isso a criou, no topo de todas as infinitas complexidades de que o mundo é feito.
O Direito
O Direito é uma ciência (no sentido de ramo do conhecimento). Mas enquanto as outras ciências evoluem, o Direito apenas muda. Umas vezes para melhor, outras para pior. De forma aleatória. O que o torna frustrante. E quanto mais muda, mais frustrante se torna.
Viver e pensar
Viver é preciso. Pensar é preciso.
Viver sem pensar é pouco.
Pensar sem viver, pouco é.
Viver e pensar, numa dança permanente, sim, isso é a harmonia da vida.
Os medos
O medos
naturais são necessários e protegem a vida.
Os medos
socialmente incutidos são nocivos ao espírito e inibem a vida,
diminuindo a sua qualidade e a liberdade.
Todos os
dias nos são incutidas doses de reforço dos medos – a violência
real (notícias) ou encenada (filmes e novelas) que passa na TV. Os
apontamentos noticiosos sobre doenças e males da humanidade, que
supostamente nos podem acontecer também a nós .
Querem-nos
seres profunda e persistentemente medrosos, e querem-no com
muita insistência (diária). Porquê? A quem interessa isso?
É para nos
sentirmos gratos e obedientes às autoridades, que no seu labor, nos protegem desses males? E que por isso devemos acatar
obedientemente todas as suas ordens e regras?
Felizmente,
tenho os medos naturais que me protegem dos perigos normais.
Mas deitei
fora a carga de medos socialmente incutidos. Não sei a quem servem,
mas não me servem a mim.