Friday, August 13, 2010

 

O mal

O mal está presente em toda a parte. A consciência e vontade de fazer o que não deve ser feito, por reprovável, existe e é o cerne do mal. Mas o mal também existe, em medida ainda maior, nas consequências não previstas nem queridas das ações e decisões humanas.
O mal intencionalmente desejado é o que inquina a alma. O mal que sem querer se causou é uma inevitabilidade. É que não existe ação alguma suficientemente inocente que não possa provocar males.
Intencionalmente jamais quiz fazer o mal a alguém. Sem querer já causei muitos males.
Externamente posso ser responsabilizado por todos os males que ocasionei. Mas interiormente só assumo os que intencionalmente quiz: nenhum. A minha alma é um céu azul sem nuvens. E assim quero que seja sempre.

Labels:


Thursday, August 05, 2010

 

Livros

Gosto muito de livros. Sempre gostei.
Permitem ampliar comodamente os horizontes da alma.
Tenho um autor predilecto: Fernando Pessoa.
E um livro predilecto: Poemas de Alberto Caeiro.

Labels: , ,


Monday, August 02, 2010

 

O Estado e o povo



Desde muito cedo que os humanos se organizaram em grupos cada cada vez mais vastos, dos clãs às tribos, até às nações e aos países. Modernamente, os países agrupam-se em organizações supranacionais e em uniões de estados, englobando centenas de milhões de indivíduos, por vezes com muitas línguas e culturas diferentes (UE).
O surgimento do Estado é o passo decisivo de uma caminhada de milénios na gestão hierárquica do poder grupal. A estrutura fortaleceu-se com as monarquias e continuou a afirmar-se e a ampliar-se com as repúblicas.
Mas o que é o poder do Estado e a quem serve? O poder do Estado é um leque muito variado de poderes de constrangimento dos indivíduos (desde o poder de educar ao de impor regras, arrecadar impostos, prender e nalguns casos até matar) em nome do suposto interesse geral.
Serve, aparentemente, a comunidade de indivíduos e a sua continuidade e aperfeiçoamento. Na realidade serve para proteger os interesses dos ricos. É a estes que mais interessa manipular o povo para que continue a trabalhar e a esforçar-se, de preferência docilmente, para que a máquina económica funcione, gerando riqueza. Gerando lucros gigantescos para os ricos. Para isso, é necessário distribuir migalhas aos pobres, aos escravos, para que sobrevivam. Trabalhem e consumam. Assim a máquina funciona.
Para aquietar as mentes e manter dócil a maioria, inventou-se a democracia – regime político em que o Estado parece mesmo legitimado pelo voto da maioria para governar o povo, supostamente no interesse deste. Que magnífico embuste. O povo escolhe de entre os que o sistema lhe oferece para escolher. Pouco importa. Os elegíveis (a quem os ricos dotaram de poderosos meios de manipulação de massas) já foram previamente escolhidos pelos ricos, no seu interesse. O Estado serve os seus donos, os ricos. Só serve o povo em geral na mínima medida possível para garantir a paz social, condição necessária para manter o sistema.
Com o progresso científico e tecnológico, os lucros cresceram vertiginosamente à medida que as máquinas substituíram os homens e as mulheres. Estes formam cada vez mais hordas de excedentes da economia, cuja utilidade residual consiste na sua condição de consumidores, desde que o Estado os possa subsidiar para sobreviverem. De outro modo, serão simplesmente deitados borda fora, por razões de economia, como defendem os críticos do modelo europeu de Estado Social.
Não tendo recursos nem força anímica ou capacidade de organização para se revoltarem e ameaçarem o sistema que se prepara para os excluir, restará a essas imensas moles humanas de milhões de excedentes, tentar sobreviver, apesar de tudo, na mais terrível miséria: num mundo em que tudo se paga, os que não tiverem qualquer espécie de rendimento, serão subgente descartável. Um cenário de retrocesso civilizacional inverosímil há poucos anos mas cada vez mais próximo de se concretizar na Europa, vanguarda da civilização humanista.
Ou talvez os níveis de pobreza e a sua generalização já não possam ser aceites e a paz social venha a ser posta em causa, quebrando a base do sistema económico capitalista e ameaçando a galinha dos ovos de oiro dos ricos. Afinal, sempre que a pressão social sobre vastas camadas de população passou de certos limites, as revoluções aconteceram. E permitiram novas formas de viver em sociedade.

Labels: , , , , ,


 

O ser e o nada

A nossa casa, o nosso ego,
Que enchemos de utilidades
E de tralha.


O que nos serve e acolhe
Sempre nos limita
E aprisiona.


Ser, muito ser, ligado a tudo
Esquecer barreiras e fronteiras;
Tudo está ligado ao todo.


Ser tudo de todas as maneiras, disse Pessoa.
Ser nada, por onde tudo passe
E siga o seu caminho.


E quando tudo cesse de passar,
Ser nada
Definitivamente.

Labels: ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?