Friday, May 28, 2010

 

Seguir

Tenho-me a mim.
Que mais posso ter?!

Não posso perder-me senão por breves instantes.
Volto ao meu lugar de sempre.

O que quero ser já sou e sempre fui.
O que quero ter já tenho e sempre tive.

Sigo e perco o que tem de ser perdido.
Deixando espaço para ganhar o que tem de ser ganho.

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Eu e o mundo

O mundo, apesar de sumamente belo, muito além dos nossos olhos, comporta também fealdades insuportáveis, felizmente quase sempre longe dos nossos olhos também.

Além disso, comporta inúmeras imperfeições e injustiças, se visto com um pouco mais de atenção. Quanto melhor se observa mais imperfeições se descobrem.

Há muitos anos que venho educando o meu olhar (interior) para ignorar as imperfeições do mundo, as imperfeições dos outros e as minhas próprias imperfeições.

Mesmo sabendo que existem, o meu olhar está perfeitamente treinado para não as ver.
Assim, este mundo, que sei imperfeito, parece-me sempre perfeito. As rugosidades fazem parte da obra prima.

As pessoas, que sei imperfeitas (como eu) vistas de perto, aceito-as como são sem as julgar. Gosto de passar por elas e depois seguir.

Ou ficar parado a sentir passar a vida como um riacho, sentado na margem, olhando com simpatia as plantas, as árvores e os animais.

Sentindo o vento no rosto,
Como uma carícia de Deus.

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Confiar ou desconfiar?

Na vida, mantemos inúmeros contactos com muitas espécies de pessoas. Umas são dignas de confiança, outras não.
No primeiro contacto não sabemos se podemos ou não confiar.
Em poucos segundos formamos uma opinião intuitiva, que parece confiável, mas pode estar errada.

Penso que é prudente adoptar a seguinte orientação: à partida assumir que todo o novo contacto é confiável. O tempo permitirá avaliar se essa assumpção é correcta ou não. Os que o tempo revelar não confiáveis, serão afastados e não lhes será dada segunda oportunidade. Por vezes, mostram a sua face verdadeira não para conosco mas para com terceiros. Aproveitemos esse saber indirecto como orientação para nós. Quem falha com outros poderá falhar connosco e é provável que o faça se tiver ocasião. Não lhe demos tal ocasião.

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Monday, May 24, 2010

 

Deus

Deus – A suprema inteligência e o supremo poder de criar, a partir do nada, um átomo.
E desse, uma infinidade de mundos, em permanente mudança inteligente.
E uma infinidade de criações e de criaturas.
Desde um tempo sem fundo até um tempo sem fim.

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Thursday, May 20, 2010

 

Sei

Sei muito bem
Que a cada instante que passa
Infinita beleza desabrocha por esse mundo.
Infinito horror e sofrimento injusto também.

É um lugar belo e temível
Que nos coube visitar,
Apreciar,
Sofrer.

Sei que o tempo
Sem sofrimento intenso
É o tempo do Paraíso,
(só sofrendo se fica a saber).

E que a cada um caberá
O tempo de sofrer:
Um recanto do Inferno
Conhecer.

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Wednesday, May 19, 2010

 

Meu caro amigo

Acabo de fazer vários exames ao coração, incluindo a prova de esforço. Ao que me disseram e pude ler nos relatórios, o meu caro amigo está bastante bem. Poderá melhorar a resistência ao esforço, com um pouco mais de exercício, (caminhada e natação). Mas basicamente, para meio século de batidas e alguns embates, está em boa forma. Folgo muitíssimo em sabê-lo. Apesar de distraído dele quase sempre, sei muito bem reconhecer que é o meu melhor amigo. Sem ele, a minha vida simplesmente não segue em frente.

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Tuesday, May 18, 2010

 

Bate coração!

Finalmente fui outro dia à médica de família e hoje e amanhã faço exames ao coração. Já bate há meio século, está mais que em tempo de uma vistoria.
Espero que esteja tudo bem. Se não estiver, tomarei as medidas necessárias para que entre tudo nos eixos. Coração só tenho este e devo colaborar com ele para que possa servir-me bem, como tem feito até aqui, por mais uns bons anos.

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Friday, May 14, 2010

 

Por favor, desculpe, obrigado

Três palavras mágicas que a educação recomenda e lubrificam as relações sociais, sobretudo se acompanhadas de um sorriso. Os egos, sempre prontos e ferir e a ferir-se, baixam a guarda, aceitam o contacto e muitas vezes até o agradecem, pois há algo de gratificante em ver reconhecida e nossa humanidade pelo outro que nos interpela com educação.

A educação começa em casa, passa pela escola e continua no trabalho e na vida social em todas as interacções humanas.
Educamo-nos todos uns aos outros.

Infelizmente, só se aprende pelo exemplo.
O exemplo que parte dos maiores:
Dos pais em relação aos outros, mas sobretudo em relação aos seus filhos.
Dos professores em relação aos outros, mas sobretudo em relação aos seus alunos.
Das pessoas com mais elevado nível educativo em relação às do seu nível, mas mais ainda no trato com os de níveis inferiores.

Só assim, pelo exemplo e a emulação dos maiores, os menores irão puxando por brio e desejo sadio de elevação e consideração social, o melhor de si.

Vejo muito pouco deste mecanismo de reprodução desse valor fundamental – a educação – nas famílias, nas escolas, na sociedade.

A vida, que com muita frequência não é fácil, ficaria muito melhor, mesmo com menos dinheiro, se com mais educação e mais sorrisos (afinal são grátis e quanto mais se dá mais se tem).

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Tuesday, May 11, 2010

 

Os embustes da História

As religiões, sobretudo as chamadas grandes, catolicismo, islamismo, judaismo, são para mim, os grandes embustes da história. Convenceram profundamente milhões de pessoas de certas “verdades”, que não passam de propostas de verdades, levando-as a determinar muito do seu entendimento da vida e das suas decisões, à luz dessas supostas verdades. E ainda erigiram hierarquias, poderes e riquezas sobre esse imenso fundo de crença induzida. Eis a obra. Obra de enganos, cuidadosamente urdida, durante séculos por inúmeros servidores.
Posso até reconhecer-lhes aspectos positivos na domesticação dos espíritos, tornando-os dóceis e sociáveis, melhores, talvez.
Mas se o espírito se alimenta de tamanhos enganos nem por isso devemos chamar-lhes verdades sagradas.

A meu ver, de duas uma: ou tudo é sagrado ou nada é sagrado. Como nem tudo pode manifestamente ser sagrado, veja-se a imposição de sofrimentos incalculáveis e imerecidos a pessoas e animais, ao longo dos tempos e por toda a parte. Isso não pode ser sagrado. Então nada é sagrado, no plano da realidade conhecível. O que não quer dizer que não seja muitíssimo respeitável. Viver, sentir e pensar de forma ética, respeitando-se e respeitando os outros e as outras formas de vida e de sentir, tem um valor incalculável, pois reconhece valor onde ele efectivamente existe, nas criações da mais elevada complexidade, fragilidade e beleza compostas pela natureza a que pertencemos.

Além destes, foi a humanidade sujeita a outros embustes menores, não em razão da dimensão em si do embuste, mas da duração temporal (décadas em vez de séculos) e do número de pessoas endrominadas: as ideologias, mormente o comunismo e o nazismo, filhos do ateísmo, ideologias seguramente mais mortíferas do que todas as religiões juntas.

Procuro ter uma atitude verdadeiramente religiosa, de abertura, amor e respeito por tudo o que de maravilhoso existe (religação ao todo), enxotando para longe as religiões, que oferecem crenças, rituais e caminhos que atulham o espírito, impedindo o fluir da energia vital que nos enche e transborda a cada instante se estivermos disponíveis, vazios de crenças, portanto vazios de erros.

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Elites, guerreiros e povo

Todos os povos, de acordo com os seus mitos e os pensamentos e modelos de vida dominantes no seu tempo, precisaram reproduzir elites, guerreiros e povo que garantam a sua continuidade como grupo humano.

Temporariamente bem sucedidos, são mais cedo ou mais tarde absorvidos e incorporados noutros grupos humanos mais poderosos. Ou separam-se de grupos maiores, forjando, por oposição, novas identidades e modos de vida, organização e ideologia (língua e cultura).
Desde sempre, em todos os grupos humanos o medo, nas suas muitas graduações, desde o mero temor reverencial ao puro terror, foi o mecanismo de longe mais utilizado na domesticação das mentes, tanto pelas elites políticas como religiosas (frequentemente detidas pelos mesmos).

A Igreja Católica baseou, teoricamente, a sua doutrina, não no medo, mas no amor. Acontece que o amor, diferentemente do medo, não é manipulável, é bastante rebelde. Ama e faz as suas escolhas independentemente das vontades e das conveniências; começa e acaba, caprichosamente, onde e quando bem entende.
Por isso cedo se revelou insuficiente como instrumento de manipulação das mentes. E a Igreja foi reintroduzindo o medo, velho e indispensável meio de manipulação das consciências. Acenou com o diabo e o inferno. Mostrou as garras nas lutas de justificação religiosa (guerras santas) e exibiu o seu total cinismo na actuação apavorante da Santa Inquisição.

Vivemos num tempo em que o recurso ao medo é mais difuso – mas não menos eficaz. É o medo, em doses hemeopáticas, instilado no cidadão comum, sem excepção, pela comunicação social. O medo das doenças, o medo da criminalidade, da desordem violenta, dos fenómenos naturais extremos, da pobreza, exclusão e inimportância social. Sobretudo o medo que resulta da incerteza sobre o futuro próprio e dos filhos, que num mundo em permanente mudança, deixou as gerações actuais sem capacidade de previsão e planeamento credível do amanhã. Um medo convenientemente diluído em programas de entretenimento e banalidades.

O outro mecanismo foi a premiação. Premiar com fama, riqueza, ascensão social, respeito pelos maiores, etc. foi sempre bastante eficaz e motivador para a generalidade dos indivíduos, cumprindo-se assim, paralelamente, as aspirações pessoais e o interesse geral de domesticação dos indivíduos em prol do bem colectivo. A premiação foi outra constante. Os guerreiros mais fortes, corajosos, audazes e sortudos eram adorados pelas multidões como heróis. Modernamente, são os ídolos do desporto, do espectáculo, etc. a cumprir esse papel exemplarmente. São premiados com muito dinheiro, o símbolo máximo actual da premiação.

Bem como os lideres da política e da economia, áreas que andam de braço dado, tão apertado que os influentes transitam entre ambas com a facilidade de um passo de dança.

O medo e a premiação modelam as elites, os guerreiros e o povo, em cada território e época, organizando o presente, homenageando o passado mitificado e preparando o futuro. É preciso formatar continuamente elites esclarecidas, guerreiros, ainda que rituais (desportos) e cidadãos úteis e dóceis. Antes, através das instituições políticas e religiosas. Hoje, através das instituições políticas e da comunicação social.

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