Wednesday, March 27, 2019
Universo ou Deus
O Universo de que nos
coube fazer parte é algo tão vasto e complexo que, por mais que
busquemos compreender a sua vastidão e complexidade, o que
conseguimos ver é que quanto mais sabemos melhor alcançamos que o
que falta conhecer e entender é afinal bem maior do que julgávamos.
Saber se Deus existe ou
não é uma questão ociosa. O Universo existe e cada um de nós é
testemunha. É extremamente complexo, vasto (no espaço e no tempo) e
ordenado de forma muito inteligente.
O Universo existe e somos
parte dele.
Ou, Deus existe e
somos parte dele.
O resto são pormenores,
por maiores que pareçam.
Sunday, March 24, 2019
Contradição essencial
Existe uma gravidade e importância
extremas NAQUILO que sou – uma partícula viva da Existência (algo
grandioso, complexo, belo e infinito).
Existe uma inerente inimportância em
QUEM eu sou – um ser vivo, portador de um ego, ambos em risco
permanente de sumir para sempre, sem que isso afete em nada a
harmonia e equilíbrio da Existência.
Tuesday, March 19, 2019
Programação
Somos programados
desde muito cedo pela família, amigos, vizinhos, escola, sociedade
em geral, hoje em dia em especial pelos media e pela net. Buscam que
sejamos de determinadas formas e não de outras. Chamam-lhe processo
de socialização e só termina com a morte.
Querem-nos
trabalhadores, submissos, cumpridores, responsáveis, conhecedores,
de bom trato.
Tudo isso é bom,
sobretudo para a sociedade. Pode não ser sempre bom para cada um de
nós. Existem aspetos da nossa personalidade que ficarão para sempre
na sombra. Isso não é sempre mau. Mas se for possível, não
devemos desativar tudo o que não convém à sociedade, mas convém a
nós. É um equilíbrio difícil mas necessário. Não podemos ser
rebeldes demais nem consumidores acéfalos e zombies pagadores de
impostos.
É preciso ir
desligando alguns dos programas que nos incomodam. Um deles é o que
nos faz sentir mal, com vergonha, quando não sabemos algo que
julgamos ter a obrigação de saber. Na escola fomos programados para
ser avaliados, competir com os “nossos iguais” e ser
desvalorizados quando “não sabemos” o que era suposto sabermos.
Ao longo da vida esse programa só nos vai trazer desconforto. Se
pudermos desligá-lo, melhor para nós. Quando sabemos, ótimo;
quando não sabemos perguntamos ou pedimos ajuda. E isso em nada nos
diminui e em nada afeta a nossa inata dignidade de seres humanos. Se
cometermos erros, tentamos corrigi-los e sobretudo temos de
assumi-los, em vez de buscar culpas alheias. Como se dizia, “não
há ninguém que não erre só em pensar que não erra é o primeiro
erro que comete”.
Sunday, March 17, 2019
India
A India tem uma longa
tradição de gurus e “godmen”, de múltiplas tradições dentro
do hinduismo.
É uma manancial
gigantesco de crenças e práticas, das quais uma das mais antigas e
famosas é o Ioga, hoje disseminado por praticamente todo o mundo,
havendo mesmo um Dia do Ioga, declarado pela ONU.
Evidentemente que, sendo
eu um curioso insaciável sobretudo pelas coisas do espírito (mas
não só) haveria de cruzar-me, como muitas vezes vem sucedendo ao
longo da vida, com a vasta herança espiritual da India.
Existe no hinduismo uma
atitude que difere radicalmente de todas as grandes religiões dos
últimos milénios: as outras defendem, se preciso for pela conversão
forçada, pelo medo, a sua “verdade”, deixando bem claro que
somente dentro da sua crença pode existir salvação espiritual.
Todos as outras são infiéis e devem ser combatidas e eliminadas.
Já o hinduismo aceita,
para além de uma infinidade de deuses e deusas, quaisquer outros que
cada um possa ou queira adorar e aceita mesmo a ausência de crença.
Propõe, mas não impõe. Aceita a diversidade, que de resto faz
parte integrante da sua cultura, num sentido mais vasto (línguas,
costumes, músicas, danças, etc).
Essa característica dos
povos da India, a busca incessante da espiritualidade, fascinou-me
desde cedo e esse fascínio ainda não se extinguiu, apesar de
temperada por tudo que de negativo também me foi chegando sobre
aqueles povos: a India é também uma gigantesca lixeira e um lugar
onde as mulheres não são devidamente consideradas e respeitadas.
Disso não gosto, evidentemente.
Os gurus e os “godmen”
são figuras marcantes da cultura hindu. Com milhares de seguidores,
por vezes milhões, esses homens são extremamente inteligentes. E na
mesma medida manipuladores e comerciantes. Pregam o despojamento
material, mas rodeiam-se de luxo, conforto e servidores
(voluntários). Parecem menorizar a importância do sexo,
valorizando a via espiritual, mas são muitas vezes devassos
encartados.
Sendo um homem ocidental,
vejo a cultura hindu através dos filtros que me foram instalados: um
modo de ser europeu, descendente de povos europeus, imbuídos da
cultura judaico-cristã. Ainda assim, na balança onde coloco, de um
lado o que me agrada, do outro o que me desagrada, o saldo é
positivo: gosto da India e dos povos daquelas paragens e da sua
cultura, sobretudo pela diversidade, pela tolerância à diferença e
também pela tradição de respeito e consideração pela vida animal
em geral e a consequente dieta vegetariana generalizada naqueles
povos, desde há séculos.
Também me considero um
“buscador espiritual” e devo bastante à influência do que li,
com raízes na cultura indiana. Não gosto de religiões, mas a busca
da espiritualidade parece-me uma característica humana fundamental,
que nos define enquanto espécie misteriosa, plantada num mundo
animal que desconhece, de todo, esse anseio pelo “mais além”.
O meu Deus não tem nome.
Ele está permanentemente perante mim e eu permanentemente perante ele.
Existo porque ele existe. Existe porque eu existo.
Monday, March 11, 2019
Bom advogado
Nunca fui um bom
advogado. À medida que o tempo passa, cada vez me preocupo menos em
“ganhar” e me importo menos se “perder”.
Cuido de colaborar o
melhor que puder e souber, para que alguma Justiça se obtenha,
alguma Paz se obtenha, algum equilíbrio entre os interesses em
presença possa ser alcançado. A uma luta prefiro um acordo. A
melhor vitória é evitar ou diluir o confronto. Preocupo-me em
ajudar a evitar injustiças maiores.
O meu interesse
pessoal nunca entra na equação. Não me faz nenhuma impressão não
ser um bom advogado. Ser um bom sujeito basta-me (embora não pague
as contas do mês).