Saturday, April 25, 2015
A viagem
Viajamos,
todos, a alta velocidade, para a morte.
Quando
somos jovens, parece uma interessante viagem à vida. E é, rápida e
curta. Na verdade, mais adiante, começamos a avistar o nosso
verdadeiro destino.
À
luz desta breve ilusão que é a vida e a sua certeza final, muitas
das atividades humanas e as guerras e guerrinhas que se travam, são
ridículas e fúteis, para lá de por vezes trágicas.
Cada
ser vivo, em velocidade vertiginosa para o seu fim, merece sobretudo
compaixão e deveria despertar não mais que tolerância (com os
erros) e benevolência.
Julgar
(e condenar) os outros, sendo fácil, é feio e desumano.
Prefiro
não julgar. Aceitar cada um como é. E ter compaixão perante quem
está na verdade, à beira de um precipício. E pode, como eu, cair
nele a qualquer momento. Para sempre.
Tuesday, April 21, 2015
Culpado? Never
Crescer
significa também tornarmo-nos culpados. Assumirmos a nossa
corresponsabilidade no mundo de que fazemos parte (disse um
psicólogo).
Se for
assim, nunca vou crescer (ou cresci e voltei a minguar). É que eu
não aceito nenhuma quota parte de responsabilidade no mundo. O mundo
preexistia e vai continuar sem mim mais adiante. A minha
importância nele (salvo um pouquito para pouquitas pessoas) é
virtualmente nenhuma. Zero. A zero importância corresponde,
obviamente, zero responsabilidade.
Nota: Se fosse eu o autor do mundo ou se o pudesse mudar, sei (como Pessoa) que ele não seria nem melhor nem pior. Seria apenas diferente.
Saturday, April 18, 2015
Sonho e realidade
O
meu pai morreu há um ano. Esta noite sonhei com ele. Uma pequena
aventura entre Jungeiros e Beja, em velhas camionetas e uma
camaradagem semelhante à que sempre tivémos.
Sendo
que aqui era eu e não ele, como dantes, conduzir a ação.
As
aventuras eram, como frequentemente acontece nos sonhos,
surrealistas, mas no conjunto, ambos nos saímos bem.
O
mais surrealista de tudo, foi o facto de, nem por um momento, eu
suspeitar que estava a sonhar. Acreditei piamente na história
onírica que a minha mente ia fabricando.
Sempre
me admirei com esta nossa profunda capacidade de acreditar, mesmo em
algo improvável (como costuma ser o ambiente e histórias dos
sonhos).
Será
que, acordados, também padecemos, embora em menor grau, dessa
credulidade entranhada? E dela se aproveitam os outros e a sociedade
para obter e fazer de nós tudo o que lhes convem, mesmo que não
convenha a nós?