Tuesday, February 26, 2019
Era uma vez a Justiça
Quando eu era menino,
encontrei num livro a história fascinante e muito conhecida, a
“Sabedoria de Salomão”. Duas mulheres foram perante o rei, ambas
reclamando ser as mães de um bébé, sem que se soubesse qual delas
falava verdade. Ambas falavam, choravam e pediam para si o menino com
igual determinação. E não havia forma de saber quem mentia e quem
falava verdade.
Salomão pegou na sua
espada, grande e afiada. E com ela numa mão e o bébé na outra,
disse: “Uma vez que não sei quem está a falar verdade e quem está
a mentir, decido que o bébé será dividido ao meio e cada uma
ficará com metade”. Uma da mulheres disse, “Sim, é justo”. A
outra, chorando, gritou: “Senhor, o menino é meu filho, não quero
ele morra. Entregai-o a essa mulher”. Eis a mãe!
Esta bela história
emocionou-me e talvez tenha plantado, sem que o soubesse, a semente
do elevado apreço que vim a ter (e mantenho) pela Justiça.
O Direito, que em jovem
pensei ser o caminho para a Justiça, deslumbrou-me. Descobri com o
tempo que o dito pouco ou nada tem a ver com essa bela coisa, a
Justiça. E o encanto quebrou-se.