Wednesday, December 22, 2010

 

A vida sem tabaco

Encontrei este texto meu escrito há uns cinco anos e subscrevo-o hoje com alegria. Porque o acho sensato e porque usei a mesma sensatez para tomar o conselho de deixar de vez o tabaco. A minha vida ficou mesmo melhor sem tabaco.


Sinceramente, devo reconhecer que me sinto um bocadinho estúpido por ainda andar a perder tempo com este assunto, trinta anos depois…
Começámos na brincadeira, eu e os meus amigos, para ver como era, imitar os adultos e parecer crescidos.
A brincadeira deu para umas risotas com os engasgos, a falta de jeito e o mal-estar que ficava após umas baforadas dos tais cigarros, alguns sem filtro, quase sempre retirados à sucapa de algum maço familiar…

Depois veio a idade do Liceu. As meninas a fumar, passeando o seu charme juvenil, atraíam-nos irresistivelmente. Havia algo de alegre, ligeiramente ousado, provocante, naquelas mãos e naqueles lábios onde bailavam cigarros.

Depois a Faculdade… com a novidade de sermos tratados como adultos, por adultos inteligentes e cultos… e quase todos fumavam, tanto alunos como professores…

A vida profissional, o quotidiano por vezes chato, e sobretudo a ideia fixa de que aquilo representava um pequeno prazer que não nos podiam tirar, pelo menos esse era muito nosso, que diabo, e lá se foi fumando vida fora. Até agora.

É verdade que não sou e nunca fui um viciado compulsivo, de quatro maços por dia, nem sequer um, e que sempre fiz intervalos grandes em que não fumei – semanas, meses e por vezes anos.
Mas, aí é que bate o ponto, porque insisto na estupidez de voltar a fumar? Um por brincadeira (de novo?!), por circunstância, por stress, por mero prazer, enfim, as desculpas são muitas, é só escolher.

Mas persiste o facto: fumar é sempre, um acto estúpido.


Eu não sou nenhuma sumidade, mas tenho inteligência suficiente para perceber os malefícios do tabaco, de todos conhecidos:

a) Degrada todo o organismo, em particular os sistemas respiratório e cardio-vascular, causa envelhecimento precoce, mau desempenho sexual, reduz consideravelmente a esperança de vida e a qualidade dessa vida.
b) É uma despesa totalmente inútil. É pior que lançar dinheiro à rua (poderia ao menos aproveitar a alguém).
É incrível como custamos a dar de esmola um mísero euro, mas atiramos fora muitos euros em tabaco e não nos dói quase nada…

c) Faz-nos desagradáveis aos outros, pelo inevitável fedor que emitimos, que nos acompanha sempre, mesmo quando não estamos a fumar.


Aliás, qualquer animalzinho, por mais insignificante que seja, reage de forma inteligente perante o fumo do tabaco: foge dele como o diabo da cruz…

Deve haver complexos mecanismos, de ordem psicológica e química, que nos fazem regressar ao hábito de fumar, apesar de todos os seus malefícios e afinal, nenhum benefício real.

Mas que diabo, um homem dotado de inteligência e consciência, de liberdade e de tudo o mais que lhe agrada, não deve repetir actos de estupidez assim.

Vou ver se ponho cobro a esta parvoíce. Antes que seja (mais) tarde. Não mereço maltratar-me à toa.

Os meus amigos agradecem (os pulmões, os nervos, o coração, os vasos sanguíneos, os olhos, a pele, etc, etc. etc.)

“fumar é sempre um acto estúpido”

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Thursday, December 16, 2010

 

Ser advogado

Ser advogado não foi escolha determinada por vocação. Foi mera estratégia de sobrevivência de quem cedo percebeu não ter vocação nenhuma. Numa sociedade tal como a que me foi dado viver e nas circunstâncias particulares da minha vida e com as características da minha personalidade, nenhuma função social me assentaria bem. Sendo um inadequado, a função menos má seria talvez ensinar (quem sabe faz, quem não sabe ensina). Mas como a carreira da professor não me ofereceu garantias mínimas de continuidade, tive de ficar com a advocacia. Tenho consciência das minhas capacidades (medianas) e das minhas limitações (sobretudo a timidez). Mas, dentro dessas condicionantes, procuro dar os passos certos para responder adequadamente às necessidades dos clientes e aos desafios de cada caso ou situação. Não me tenho saído muito mal, sobretudo porque sei evitar o erro comum de dar passos maiores do que a perna, ou seja, meter-me em trabalhos superiores em exigência às minhas forças.

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Wednesday, December 15, 2010

 

Votar para quê?

Votar, para governantes ou opositores, é uma inutilidade. Tanto me faz quem governe, seja escolhido ou não por mim (também). Se existir democracia, os governantes serão eleitos e eu conformar-me-ei com isso. Se não existir democracia, os governantes serão outros, mas NÃO SERÃO NECESSARIAMENTE PIORES e conformar-me-ei igualmente com isso. Procurarei viver de acordo com a minha consciência, completamente indiferente a quem governe.

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Tuesday, December 14, 2010

 

Ação, consequências e intenção

Toda a ação humana pode ser vista sob três aspetos fundamentais:
as suas consequências positivas
as suas consequências negativas
a intenção do agente


Toda a ação, voluntária ou involuntária, tem necessariamente consequências positivas e negativas.
Para a sociedade, relevam sobretudo as consequências negativas, para o apuramento da responsabilidade (civil e/ou criminal) e a intenção do agente (dolo ou negligência).

Para o agente, em termos da assunção de responsabilidade (responsabilidade interior) somente a intenção deve relevar.

Se não houve intenção maldosa, de prejudicar ou causar dano ou mal a outrém, pessoa ou animal, então nada há a autorecriminar. Todas as consequências do ato são desenvolvimentos naturais de existir, mesmo as negativos ou danosas, que naturalmente se lamentam.

Da mesma forma, nenhum mérito especial se deve assumir como próprio, de ação que teve consequências positivas meramente fortuitas ou involuntárias.

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