Tuesday, May 24, 2011

 

Breve Crónica da minha Morte e Ressurreição

O passado dia 8 de Maio de 2011 foi um belíssimo domingo de sol.
Eu estava feliz e leve como sempre.
Mas um surpresa muito desagradável e dolorosa me aguardava: de tarde, uma fortíssima dor no peito.
Hospital, enfarte agudo do miocárdio.
Assistido, mais ou menos, no Hospital de Beja, o coração, desistiu, pelo menos duas vezes.
Reanimado e enviado em alta velocidade para o Hospital de Santa Marta, Lisboa, especializado em cardiologia, fiquei internado nos cuidados intensivos durante dez dias, até passar para a enfermaria.
Sofri um bocado. Confiei sempre e mantive o moral elevado.
Estou a recuperar bem.
Sempre com o apoio inestimável da minha amada Conceição.
Agradeço muito a ela e aos que me ressuscitaram.
E aos que nos apoiaram: a Cristina, a Mané e o meu pai.

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Friday, May 06, 2011

 

Linda

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Porto

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Quase quase

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Tuesday, May 03, 2011

 

Progresso e Retrocesso

Ao longo do século XX, apesar das duas Grandes Guerras e das inúmeras pequenas, do Holocausto Nazi, expandindo os limites possíveis do Mal para além dos até então conhecidos, apesar da continuação da infame história do mal que parte da humanidade desde sempre impõe à outra, uma constante de todas as civilizações humanas, assistiu-se a um extraordinário progresso científico e tecnológico, por todo o lado, ainda que desigual.

Esse enorme progresso, que continua a passo acelerado no século atual, permitiu o crescimento gigantesco da riqueza mundial produzida, a par do crescimento populacional e do acesso ao conhecimento e ao bem-estar de cada vez mais e maiores grupos populacionais, por todo o mundo.
Permitiu também a acumulação de fortunas colossais nas mãos dos que sabem dominar os cordelinhos do jogo económico-financeiro que se joga no tabuleiro internacional.

Os detentores da riqueza e do poder que dela advem, passaram a dominar por completo os estados, tanto democráticos como autoritários, pondo-os de joelhos e ao seu serviço de forma absoluta.

É o dinheiro e quem o manobra que decide tudo o que se passa na evolução ou retrocesso dos regimes e do bem estar dos povos.

A justa e natural ânsia de viver melhor foi facilmente aproveitada para estimular o consumo e o investimento tantas vezes não reprodutivo, com o recurso generalizado ao crédito, por parte das famílias, das empresas, pequenas e grandes, públicas e privadas, autarquias e pelos próprios estados.

Nos Estados Unidos e na Europa, que se consideram a vanguarda do progresso da humanidade, o sobreendividamento das famílias, das empresas, das autarquias locais e dos estados é a regra.



Sendo o dinheiro um excelente servo mas um péssimo senhor, eis-nos (todos os devedores) reduzidos à mais ignominiosa servidão. Vivemos melhor por algum tempo, graças a dinheiro emprestado.
Perdemos de vista a autosuficiência alimentar e económica.
Adotámos modelos de organização e gestão dos recursos humanos, económicos e financeiros de grande ineficiência e desperdício. Mostrámos total incapacidade de combater e prevenir a corrupção e a gestão danosa dos dinheiros públicos.
O estado de sobreendividamento generalizado, público e privado, ameaça agora, como uma tempestade, as vidas de milhões de pessoas, que pela primeira vez, se vêem perante uma inversão do curso que parecia normal, das vidas e das sociedades: em vez do Progresso, arriscam-se a conhecer, dolorosamente, o Retrocesso do bem-estar geral.
Caímos facilmente no logro dos detentores do dinheiro – aplanaram muito bem e nós seguimos, o caminho que nos conduziu à escravatura.

E tem saídas? Aparentemente não. Enquanto valorizarmos o consumo e o bem estar material particular, o dinheiro e o ter, como valores supremos, estamos condenados a servir os seus caprichos, sendo o maior o da acumulação insaciável de dinheiro e de poder nas mãos de poucos, ainda que que isso signifique o sacrifício e a morte de milhões de vítimas.

Só uma revolução de mentalidades poderia dia devolver aos povos a liberdade e a dignidade. Uma revolução de valores, em que o amor ao próximo, a cooperação e entreajuda, a gratuitidade, a partilha, o trabalho voluntário, o estímulo educacional dos mais novos ao respeito pela vida, pelos outros, pela natureza e pela diversidade cultural.
Uma revolução dessas, se acontecesse (uma revolução não violenta mas eficaz) poria finalmente em ordem a escala de valores que a cada um interessa e a humanidade merece e precisa.

O passado e o presente gritam-nos que isso simplesmente não pode suceder, a humanidade nunca foi assim. Será no futuro como sempre foi e ainda é: medrosa, estúpida, egoísta, violenta, propensa a buscar o bem particular e a menosprezar o bem comum. Dada a valorizar as aparências e a camuflar a realidade.

Mas uma esperança num mundo melhor teimosamente persiste.
Há que reconhecer que, apesar de a custo de muito trabalho, sofrimento, guerras e roubos sem fim, no cômputo geral, o bem estar da humanidade cresceu muito ao longo da história, sobretudo no século XX. Pode ser que a tendência de fundo se mantenha para futuro. Oxalá.

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Monday, May 02, 2011

 

O menino Nicolau

Era uma vez um menino chamado Nicolau. Era gordinho e muito simpático.
Por razões que não entendeu muito bem, a família enviou-o para casa de uns tios da província, para completar a escola primária. Corria o ano de 1970. Ano da morte de Salazar.
A escola, novinha, inaugurada em Janeiro, era muito bonita, com duas salas – a da esquerda para as meninas e a da direita, para os meninos. Em cada sala, uma fila de mesas e cadeiras para cada classe.
Cumprindo uma tradição, dura e assustadora, a professora frequentemente chamava ao quadro um ou vários alunos, para acertar contas com os erros de cada um. A pena era invariavelmente uma sequência de reguadas valentes em cada mão, alternadamente.
De regresso à mesa, a fresca bata branca, obrigatória na época, era o único refúgio para as mãos vermelhas, quentes e doloridas.
Todos sabiam o que custava aquele tormento.
Mas o menino Nicolau, que vinha de fora e era tão simpático, tinha uma vantagem, supunham os colegas da aldeia: era parente da professora.
Acontece que foi ele, o mais bem colocado para escapar aos castigos, o mais castigado daquele ano.
De nada lhe valeram nem o parentesco nem a simpatia. As mãozitas do Nicolau conheceram, melhor do que ninguém, aquela maldita régua de madeira.
Sim, amigo Nicolau, quarenta anos depois, as nossas mãos ainda se lembram muito bem.

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