Wednesday, June 21, 2023

 

Mortes

A primeira morte (a morte física) é a viragem decisiva, o fim da existência para quem parte e a tristeza e saudade para quem fica. A segunda morte é a que acontece somente quando morre a última pessoa que ainda conheceu e se lembra daquele que partiu antes ou muito antes. Depois, é o destino comum de tudo e de todos: o esquecimento para sempre. E os que são lembrados pelas suas obras e vidas marcantes? Ilusão apenas. Não são eles que são lembrados, mas as imagens parcelares, idealizadas, que os outros deles constroem. A única morte que verdadeiramente conta é a primeira, a que nos tira o mais precioso bem, a vida. O resto é totalmente indiferente para quem a perde (embora pese na mente e coração de quem fica). Ser lembrado, estimado ou idolatrado ou apenas esquecido, o mesmo vale, para o morto: nada. Aceitar a vida é estimá-la, enquanto dura. Aceitar a morte, para quando vier e certamente sempre vem, é também aceitar com naturalidade o esquecimento que nos cabe, a cada um de nós, como a todos e a tudo. J. Francisco 20 de junho de 2023

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