Wednesday, July 31, 2019

 

Adeus avezinhas





Quem aprecia a vida, não só a própria mas também a alheia e sobretudo a dos inocentes, sofre um choque quando os vê morrer de repente.

Temos tido connosco aqui em casa dois patinhos muito engraçados e uma rolinha jovem, que encontrámos caída na rua.

Alimentámo-los e cuidamos deles o melhor que pudemos. Todos cresceram e estavam cheios de vida. Até hoje. De manhã, a rolita estava meio morta e fui deixá-la no campo, certamente para morrer.

Os patinhos, por desobediência do Arthur, que abriu a porta da “casa” deles, o Tico matou-os num ápice. Diz que não percebeu que não devia abrir aquela porta. Se percebeu ou não, de nada serve. Os patinhos estão mortos. Nada a fazer. Tenho pena das três avezinhas inocentes. Quis que vivessem mais e não puderam. A vida é dura e injusta. Pobres bichinhos.

Wednesday, July 17, 2019

 

Deus



O sol é deus

mas não sabe

nem pode saber.



A terra é deusa

mas não sabe

nem pode saber.


O vento é deus

mas não sabe

nem pode saber.


A água é deusa

mas não sabe

nem pode saber.


Tudo o que existe é Deus

(pois Deus é tudo o que existe)

mas não sabe nem pode saber.



Todo o homem é deus.

Não sabe,

mas pode saber.


Toda a mulher é deusa.

Não sabe,

mas pode saber.









 

Energias




1. A polaridade (masculino/feminino, positivo/negativo, Yang e Yin, sol e lua) existe dentro de cada ser. Em cada indivíduo, homem ou mulher, existem ambas, em proporções particulares. Nalgumas mulheres a energia masculina é preponderante, tal como nalguns homens é preponderante a energia feminina.

2. Nas relações entre dois seres, desde as mais fortuitas às mais íntimas (do mesmo sexo ou de sexo diferente) sempre se cria uma atmosfera energética particular e única. Certas combinações geram atração, outras repulsão (talvez algumas possam ser neutras).
O confronto é sempre entre 4 energias (duas masculinas e duas femininas). O “casamento” perfeito seria a complementaridade e compatibilidade das 4 energias. O que creio ser raro.

3. No domínio das relações humanas em geral, todos percebem facilmente aqueles que os atraem e aqueles que os afastam (talvez em alguns casos, nem atração nem repulsão ocorram, por ser fraca ou nula a intensidade energética da atmosfera gerada entre ambos). Tudo isso é absolutamente natural (e bom).

4. No domínio das relações afetivas, tudo se passa de igual forma, porém em níveis mais elevados de intensidade (amizade, amor, ódio).

5. Nas relações que envolvem a sexualidade, da mesma forma ocorrem desde combinações altamente favoráveis e mutuamente satisfatórias até pouco satisfatórias, ou satisfatórias apenas para um dos elementos (quando a vontade de um não conta, ou, ainda que haja consentimento, seja baixo o nível de excitação de um dos parceiros amorosos).

6. A sexualidade como fonte de prazer(res) permite uma diversidade quase infinita de formas, desde o prazer solitário às orgias de grupo, passando por sexo entre pessoas do mesmo sexo. Tudo isso é natural e bom (exceto os casos de violação da vontade de um dos parceiros, altamente reprovável (abuso sexual, violações ou pedofilia, onde a vontade não tem ainda maturidade para se expressar livremente ou o sexo em público, por ferir o sentimento geral de pudor).

7. Por razões de conveniência das sociedades, todas favoreceram e favorecem as relações entre pessoas de sexo diferente – que naturalmente propiciam a reprodução e a sobrevivência e mesmo expansão dos grupos humanos, fator intuitivo de sobrevivência individual e grupal.

8. Já as relações homossexuais, por visarem apenas o prazer dos intervenientes (sem aparente vantagem para a sociedade), foram e ainda são quase sempre reprimidas e por vezes fortemente punidas.

9. A libido é um aspeto muito importante da energia vital. Sem ela a humanidade não existiria. Mas a sua função reprodutora não deve fazer esquecer a sua também fundamental função de fonte privilegiada de prazer(res).

10. Sendo o nosso corpo simultaneamente capaz de nos propiciar inumeráveis dores e sofrimentos (falando apenas dos sofrimentos físicos) mas também alguns excelentes prazeres, é péssimo descartar prazeres inofensivos (somente para não desagradar à sociedade), ficando na mesma à mercê das dores que nos couber sofrer.

11. Modernamente, com a sobrepopulação mundial e a desnecessidade (diria mesmo inconveniência) de níveis tão intensos de reprodução humana, esta função da libido perdeu fôlego em muitos países e as relações homossexuais (função de fonte de prazeres) são aceites como nunca antes foram, havendo já vários países incluindo Portugal, onde é legal o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E bem.

Friday, July 12, 2019

 

Júlio Iglesias e Roberto Carlos





Fala-se agora no caso do reconhecimento judicial do filho de Júlio Iglesias, que durante 30 anos foi objeto de polémica e lutas judiciais.

Parece que a decisão atual, fundada em exame de adn conclusivo, feito sem consentimento do cantor, que sistematicamente se recusou a fazê-lo, deixa pouca margem para dúvidas. O filho é dele. Mesmo assim, o cantor, na senda do que tem sido a sua posição, parece que vai recorrer, tentando obter o resultado contrário.

Um dia também apareceu na vida de Roberto Carlos um rapaz, com 24 anos que dizia ser seu filho. O cantor publicamente declarou que não sabia, mas queria saber. O teste de adn foi feito, o rapaz é filho do cantor e já até fizeram espetáculos, cantando juntos.

Situações idênticas, atitudes opostas. Passei a gostar mais de Roberto Carlos. Quanto ao outro, alguma simpatia que tive, esfumou-se completamente.

Monday, July 08, 2019

 

O reverso




A vida tem o seu reverso, a morte. Não existe uma sem a outra.

A felicidade também. O seu reverso é o medo de perdê-la.

Mesmo assim é melhor ter e perder do que não chegar a ter.

 

Egos



Relacionas-te com egos, não com pessoas. Os egos são as carapaças de carater (W.Reich) que cada um tem de usar para fins de convivência (e sobrevivência) social.

Todos nos sabemos frágeis e mortais. Mas seguimos fingindo (para aos outros e para nós mesmos) que somos fortes e viemos para ficar (através da obra, da fama, da descendência).

Porque a verdade é insuportável (somos frágeis e mortais) cobrimo-la com uma capa rija, que nos protege do mundo e dos outros e nos permite de certa forma enganar a nós mesmos – o ego.

O ego tem tendência a inflar, e infla muito em certas pessoas – ricos e poderosos, políticos, militares, juízes, e todos os que se julgam muito acima do homem comum.

A morte pode surgir (para qualquer um, novo ou velho, rico ou pobre, presidente ou sem abrigo) a qualquer instante. Isto é uma verdade difícil de incluir na consciência do dia a dia. Remetêmo-la para uma gaveta fechada, que só abrimos quando é mesmo necessário (quando alguém que nos importa se vai).

Quem faria planos de futuro se estivesse sempre consciente de que a qualquer momento pode morrer ou morrer quem lhe é importante? Quem criaria filhos se estivesse consciente de que a qualquer momento lhe poderiam morrer? Quem compraria casa, ficando com dívida bancária a trinta anos, sabendo que pode morrer a qualquer instante? Ou fundaria uma empresa que só dará lucros daí a alguns anos, se pode ficar pelo caminho? Ou iria "fazer" faculdade durante anos e mestrados e doutoramentos, sabendo que antes do final ou no final pode estar um percalço chamado fim?

Tudo funciona pois assente não na incómoda verdade, mas em pressupostos imaginários, de otimismo sem base, mas útil às vidas individuais e às comunidades e à economia. Por isso deixemos de perseguir a verdade e quem acaso a encontre, guarde para si o segredo.

O ego (o dos outros e o teu) é absolutamente necessário. Porém, tu não és esse ego. Tu és a consciência que sabe e sabe que sabe. Tu és uma partícula de um mistério colossal, uma presença misteriosa e única.

Alegra-te, não és grande (que importa?) mas és parte de algo incomensurável. E sabes.

Saturday, July 06, 2019

 

Não há amor como o primeiro...




Não há amor como o primeiro, dizem.
Nem como o segundo, digo eu.
Ou o terceiro…
Todos diferentes, todos valiosos.

Friday, July 05, 2019

 

A Fonte e o Poço




O somos? Fisicamente, um mamífero terrestre. Um animal social, cujo desenvolvimento está intimamente ligado ao meio onde cresceu e vive. Espiritualmente, uma fonte. Uma fonte de água pura, uma fonte inesgotável de amor e amabilidade.

Desde cedo, de forma contínua e com afinco, os outros insistem em modelar-nos (família, amigos, escola, religião, autoridades, meios de comunicação, sociedade em geral). Resulta. Tanta tralha nos inserem na mente que quase entopem ou entopem mesmo, essa maravilhosa fonte que trazemos de origem e é a nossa maior (talvez a única) riqueza: uma presença amavel, para todos disponível (como todas as fontes). Que por mais de que dela bebam, jamais secará.

Ao mesmo tempo vão escavando em nós um poço cada vez mais fundo, escuro, cheio de

medos, culpas e ameaças.

Temerosos, em vez de matar a sede alheia (como era a nossa vocação inicial) passamos a ser nós os sequiosos. De afeto, aceitação, amor.

Essa carência jamais pode ser saciada. Não chegarão a fama ou o dinheiro, as casas e os carros, amantes, prestígio, poder, objetos, viagens, experiências e novidades, nada vai conseguir matar essa sede.

É essa sede insaciável que puxa pela sociedade de hiperconsumistas em que o mundo moderno se transformou. Uma economia mundial crescente, uma população mundial crescente, necessidades crescentes, uma só Terra, cada vez mais esgotada, cada vez mais cansada desta praga.

Wednesday, July 03, 2019

 

As pessoas de Direito




As pessoas que se formam em Direito e seguem profissões jurídicas têm níveis de inteligência entre a média e a elevada. E têm uma coisa em comum: são invulgarmente chatas.

Para aceitar como pão nosso de cada dia lidar com leis chatas feitas por outros juristas, igualmente chatos, é preciso ter uma alta tolerância à chatice. Como deformação profissional mais relevante, resulta para todos tornarem-se pessoas muito chatinhas.

Eis a regra. Exceções são poucas e só confirmam a regra.

Monday, July 01, 2019

 

Adeus Liberdade!



As modernas sociedades evoluídas, estão cada vez mais pejadas de regras, proibições e punições.
Com os meios tecnológicos cada vez mais sofisticados ao seu dispor, o Coletivo (os Estados e as organizações supraestaduais) podem exercer e exercem cada vez mais, um controle apertado sobre as escolhas, as preferências, as vidas, dos cidadãos. À medida que os poderes públicos crescem e se fortalecem, a liberdade individual diminui. Tudo é feito de forma discreta e “civilizada”, mas o futuro mais provável é o de uma poderosa ditadura do Coletivo sobre o indivíduo. Sabendo que toda a história da humanidade está bem fornecida de exemplos de excessos e abusos do Coletivo sobre o indivíduo, não auguro nada de bom às gerações futuras, incapazes de desmontar ou sequer de entender, o apertado colete de forças em que vão estar metidas. A liberdade já era.

 

Mukti





Segundo Sadhguru, no hinduísmo, a tradicional e antiquíssima busca do “caminho espiritual” que originou inúmeras crenças, deuses e rituais naquela vasta região do mundo, coloca acima de tudo, dos próprios deuses, o valor da liberdade (Mukti). A variedade quase infinita de deuses e crenças do hinduísmo nunca os levou a considerar errados os não crentes, aceitando que cada um eleja a sua própria crença e se não achar nenhum deus que lhe agrade, possa criar um, e louvá-lo, em total liberdade.

Acho muito interessante essa perspetiva. Também eu, entre os valores maiores - Deus, Amor, Liberdade - elegeria sem hesitação a Liberdade como o meu preferido, o meu anseio mais profundo e genuíno.


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