Thursday, November 26, 2020

 

Os ricos e os livres

“Deus deu-me a graça de ser pobre” Salazar. “ Não há nada como nada ter” Max, sem-abrigo bejense da segunda metade do século XX. Não conheci ricos suficientemente ricos para serem livres. Suponho que existam, embora tenha dúvidas. Conheço os outros, os escravos, os que precisam de trabalhar para tentar garantir a sua subsistência e dos seus. Mas não só os escravos estão privados da liberdade. Os ricos, os suficientemente ricos para não depender do trabalho, também não sabem ou não podem ser livres. Estão prisioneiros das suas crenças, dos seus temores, dos seus vícios, das vicissitudes das suas vidas e das dos seus entes queridos. Sejam de saúde, comportamentais e mesmo financeiras. Afinal, quem mais tem, mais tem a perder. Podem estar desobrigados dos pequenos problemas financeiros, que aos pobres atormentam. Mas ocupam as suas mentes com mil motivos de preocupação, reais ou imaginários. (Isto sou eu a supor, pois como disse, nunca conheci nenhum rico suficientemente rico). Mas existe um tipo de gente, talvez sonhadores, poetas ou místicos, para quem a liberdade é o valor supremo. Não liberdade de fazer o que lhe der na gana, mas a liberdade de tudo relativizar, obervando como são baixinhos os muros que nos cercam. Esses, são suficientemente altos para ver mais além. Sem a certeza se o que vislumbram é real ou apenas imaginação, mas enebriados, quotidianamente, com paisagens que dão para o Infinito. A estes considero livres. Quero ser um deles.

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